A Assembleia Municipal de Odemira e o deputado do Chega eleito por Beja questionaram o governo sobre o encerramento das 16 vagas da Unidade de Longa Duração da Unidade de Cuidados Continuados Integrados deste concelho do litoral alentejano.
Numa moção aprovada recentemente “por unanimidade”, a Assembleia Municipal de Odemira manifestou a sua “profunda preocupação e oposição” pelo encerramento das 16 vagas da Unidade de Longa Duração da Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) de Odemira, gerida pela Santa Casa da Misericórdia local.
No documento, apresentado pela bancada do PS, os eleitos da assembleia municipal sustentaram que o encerramento da unidade, “alegadamente tomada por dificuldades na contratação de recursos humanos, representa um grave retrocesso no acesso aos cuidados de saúde e apoio social no concelho de Odemira”.
Esta situação afeta “diretamente a população mais vulnerável como os idosos, pessoas em situação de dependência prolongada e sem retaguarda familiar”, acrescentou a moção “Por uma Resposta de Proximidade em Cuidados Continuados em Odemira”.
O documento lembrou ainda que o concelho de Odemira “apresenta características demográficas e territoriais particularmente sensíveis”, com “mais de 25%” da população residente acima dos 65 anos e uma taxa de dependência dos idosos no concelho que “ultrapassa os 40%”.
Tudo isto levou os eleitos da assembleia municipal a “manifestar a sua oposição à decisão de encerramento” das 16 vagas da UCCI,
O documento exortou ainda o Ministério da Saúde, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a Administração Regional de Saúde do Alentejo e a Santa Casa da Misericórdia de Odemira a reavaliar e reverter a decisão, “assegurando os recursos humanos e financeiros necessários à manutenção plena da unidade”.
Na moção foi igualmente exigido que a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) avance com uma “revisão das tabelas salariais, de forma que se tornem competitivas com as condições praticadas no setor público e privado e assim se permita a fixação de profissionais nestas instituições”.
Também o deputado do Chega eleito por Beja, Rui Cristina, manifestou a sua “profunda preocupação” com o encerramento das 16 vagas da UCCI de Odemira, tendo apresentado uma pergunta formal à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, sobre o assunto.
Em comunicado enviado hoje à Lusa, o deputado do Chega considerou que a situação constitui “um grave atentado ao direito básico de acesso aos cuidados de saúde, especialmente para os mais vulneráveis”.
“Estamos perante um retrocesso inaceitável numa região já marcada por enormes assimetrias, baixa densidade populacional, dificuldades de mobilidade e carência de respostas sociais e de saúde adequadas”, acrescentou Rui Cristina.
O parlamentar do Chega destacou ainda “a fragilidade do modelo de cuidados continuados” em Portugal, “altamente dependente do setor social, que sem financiamento adequado nem condições salariais atrativas, não consegue atrair nem fixar os profissionais”.
Por isso, solicitou ao Governo “esclarecimentos sobre a eventual reavaliação da decisão de encerramento, bem como informações sobre a existência de uma estratégia nacional para garantir a estabilidade e valorização dos recursos humanos nas unidades de cuidados continuados, em particular nas regiões do interior”.
“Não podemos continuar a assistir passivamente ao desmantelamento silencioso dos serviços públicos fora dos grandes centros urbanos”, concluiu.