O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) afirmou hoje não estar surpreendido que a morte de um homem em novembro, durante a greve do INEM, esteja relacionada com o atraso no socorro, alertando que mais casos podem ocorrer.
“Não nos surpreende que esta morte de um homem de 53 anos em Pombal esteja relacionada com o atraso na prestação de cuidados de emergência médica. Assim como não ficaremos surpreendidos que se venha a concluir que outras ocorridas na mesma altura também estejam relacionadas”, adiantou o sindicato num comunicado enviado à Lusa.
Segundo as conclusões de um inquérito da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) hoje divulgadas, a morte de um homem de 53 anos, em novembro de 2024 quando decorreu a greve do INEM, poderia ter sido evitada se tivesse sido socorrido num tempo mínimo e razoável.
“Concluiu-se que a morte do utente poderia ter sido evitada caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo e razoável, que tornasse possível a evacuação da vítima através de uma Via Verde Coronária para um dos hospitais mais próximos, onde poderia ser submetido a angioplastia coronária numa das respetivas Unidades Hemodinâmicas”, adiantou a IGAS em comunicado.
Este caso remonta a 04 de novembro de 2024, dia em decorreram, em simultâneo, duas greves - uma dos técnicos de emergência pré-hospitalar às horas extraordinárias e outra da administração pública.
A inspeção-geral abriu vários inquéritos para apurar a eventual relação entre 12 mortes e os alegados atrasos no atendimento Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
Na reação a este caso, o STEPH salientou que, apesar de “mais exacerbados nos dias da greve”, em causa estão “constrangimentos que se verificam diariamente com meios de emergência médica encerrados e postos de atendimento nas centrais vazios, por falta de técnicos de emergência pré-hospitalar”.
“Infelizmente tememos que continue a acontecer e que ocorram casos semelhantes a este durante o verão, uma vez que o INEM não adotou nenhuma das medidas imediatas, mas estruturais, que apontamos como soluções ao Governo e ao conselho diretivo” do instituto, alertou ainda o sindicato.
A IGAS já arquivou outros dois inquéritos, um dos quais para apurar eventuais atrasos no atendimento realizado pelos CODU a uma idosa, de 86 anos, residente no concelho de Castelo de Vide.
Neste caso, a IGAS concluiu que, apesar do tempo decorrido entre o contacto telefónico com a Linha 112 e a chegada do socorro diferenciado ao local ter totalizado uma hora e 19 minutos, a morte da utente deveu-se a “extenso acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, situação de muito mau prognóstico, independentemente do tempo levado a iniciar manobras de reanimação”.
O outro arquivamento, já noticiado pela Lusa em 12 de junho, refere-se a um homem em paragem cardiorrespiratória que morreu em Vila Real de Santo António, depois de concluir que, em face das perícias médicas realizadas, que a “situação da vítima era irreversível e o desfecho fatal inevitável”.