De acordo com uma nota da Presidência da República, todas as condecorações são atribuídas “em reconhecimento dos atos excecionais de coragem, sacrifício, empenho pessoal e institucional em prol da pátria moçambicana”, assim como “na promoção dos valores da paz e inclusão sociopolítica e cidadania no país”.

No caso de Fernando Erverard do Rosário Vaz, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, atribuiu o mais alto galardão do país, a Ordem Samora Moisés Machel, primeiro grau.

Nascido em 06 de dezembro de 1928, em Maputo, Fernando Vaz assumiu o cargo de diretor do Hospital Central de Maputo (HCM) pós-independência, o maior do país, e vice-ministro da Saúde. Mais tarde, chegou a ministro da Saúde, de 1987 a 1989, e foi médico da família de Samora Machel, o primeiro Presidente moçambicano.

Em entrevista à Lusa em 16 de junho, no âmbito dos 50 anos da independência nacional, Fernando Vaz assinalou a “expansão da rede sanitária” como um marco deste meio século, recordando que em 1975 o HCM transformou-se numa “Arca de Noé”, pelas “tantas nacionalidades” dos médicos.

“Tínhamos cerca de 30 a 35 médicos e então vieram muitos médicos africanos, soviéticos, da Guiné-Conacri, da Zâmbia, vieram vários médicos apoiar. Eu costumava dizer que o hospital parecia uma 'Arca de Noé'. Tinha tantas nacionalidades que lhe chamavam a 'Arca de Noé'”, disse, recordando uma “fase muito difícil” para aquela unidade de saúde, que recebia cerca de 1.000 doentes por dia, mas sem profissionais suficientes.

Fernando Vaz foi membro fundador da Ordem dos Médicos de Moçambique, da Clínica Especial de Maputo, do Instituto Superior de Ciências de Saúde de Maputo e sócio fundador e honorário da Cruz Vermelha de Moçambique, acumulando passagem pela política, como deputado da Assembleia Popular de Moçambique de 1977 a 1994.

Vaz frequentou o ensino superior na Faculdade de Medicina na Universidade Clássica de Lisboa e especializou-se em cirurgia geral nos hospitais civis de Lisboa e em medicina tropical e foi o único cirurgião de Timor-Leste (1963-1969), tendo regressado, finalmente, a Moçambique 20 anos depois e passado para cirurgião do hospital, além de assistente de cirurgia na universidade de medicina.

O Presidente moçambicano atribuiu ainda a Ordem 25 de Junho a Carlos Machili e a Ordem 4 de Outubro ao Cardeal Dom Alexandre José Maria dos Santos, ambos a título póstumo.

A medalha Bagamoyo foi atribuída a personalidades como Alberto Jeremias Manjate, Ana Maria Nhampule, Arlindo Francisco Hoguane, Eugénio Dique Mandlate e Horácio Agostinho Cossa.

Entre outras distinções, segundo a Presidência, Daniel Chapo atribuiu a medalha Veterano da Luta de Libertação de Moçambique a 1.100 cidadãos, “em reconhecimento da participação ativa na luta de libertação da pátria moçambicana, nas frentes da luta armada ou clandestina, bem como no esforço abnegado tendente a valorizar as conquistas da independência nacional, da moçambicanidade e do desenvolvimento nacional”.

A medalha Nachingwea foi atribuída a Calista Jesus Terezinha Francisca Luís da Silva e ao Hospital Geral Polana Caniço, Maputo, reconhecendo “méritos extraordinários revelados na defesa e promoção dos direitos humanos, da mulher e da criança, na disseminação de informações educativas às populações, na luta contra as calamidades naturais, no combate a epidemias, como a covid-19, e no combate à pobreza”.

A medalha de Mérito Académico foi atribuída aos académicos Brazão Mazula, José Mário Joaquim Magode, Maomede Naguib Omar e Maria Perpétua Gonçalves, reconhecendo os seus “méritos extraordinários, trabalho abnegado e consentimento de sacrifícios na transmissão de conhecimentos relevantes e na dedicação a formação de jovens gerações”.