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Estudantes pedem mais psicólogos para combater problemas de saúde mental

Lusa
20-06-2025 13:23h

A Federação Académica de Lisboa quer mais psicólogos nas universidades para reduzir os casos de problemas de saúde mental, alertando para o facto de o estudo hoje divulgado revelar uma realidade mais grave do que a denunciada pelos estudantes.

Um inquérito realizado a mais de 2.300 alunos do ensino superior português revelou que 40% dos estudantes tomam psicofármacos semanalmente, mais de 60% dizem-se exaustos e 41% tristes e deprimidos.

“Ficamos preocupados com os resultados do estudo. Há muito que vínhamos alertando para este tipo de situações e temos vindo a defender a necessidade de implementar medidas preventivas. Este é o momento em que percebemos que o agora identificado afinal ainda é mais grave do que o que dizíamos”, disse à Lusa Pedro Neto Monteiro, presidente da Direção-Geral da Federação Académica de Lisboa (FAL).

Além dos 40% de estudantes que consomem psicotrópicos regulamente, um em cada 10 toma anfetaminas ou estimulantes, segundo o estudo que revela elevados níveis de 'burnout' entre os jovens e falta de apoio psicológico.

Perante os resultados do trabalho coordenado pela psicóloga Tânia Gaspar, da Universidade Lusófona, o presidente da FAL defende que é preciso “começar já a implementar políticas preventivas”.

“A saúde mental dos estudantes não pode continuar a ser tratada como uma nota de rodapé nas políticas públicas. O diagnóstico está feito. O que falta é coragem política para agir”, criticou Pedro Neto Monteiro.

A FAL defende a implementação de um conjunto de propostas no domínio da saúde mental e da inovação pedagógica e exige uma “resposta nacional à altura da gravidade da crise vivida no Ensino Superior”.

A medida prioritária passa pela contratação de mais psicólogos “para que o rácio de um psicólogo para 500 estudantes seja garantido”, defendeu Pedro Neto Monteiro, defendendo que com estes profissionais é possível “atacar na ação preventiva e na reativa”.

A FAL quer também que seja estabelecida “uma rede de serviços de saúde mental nos vários serviços de ensino superior com politicas comuns às várias realidades académicas da região”, disse o presidente da FAL, reconhecendo que essa rede já existe, mas que no seu entender “precisa de uma reestruturação”.

Sobre os cheques-psicólogos, que também já estão em vigor, Pedro Neto Monteiro considera que também “precisam de um alargamento, porque ainda há alunos que precisam deste apoio e ficam de fora”.

O estudo "Ecossistemas de Aprendizagem Saudáveis nas Instituições de Ensino Superior em Portugal" conclui que as dimensões prioritárias de intervenção nas universidades são as relacionadas com o bem-estar e a saúde mental.

O trabalho envolveu 2.339 estudantes entre os 17 e os 35 anos e foi elaborado pelo Observatório dos Ambientes de Aprendizagem Saudáveis e Participação Juvenil. Analisou diversas dimensões associadas à cultura da organização e aos ambientes onde se movem os estudantes no contexto académico.

Em declarações à Lusa, a coordenadora do estudo, Tânia Gaspar, disse que esta investigação mostrou que 40% dos estudantes académicos toma psicotrópicos - valor alinhado com os dados europeus - e sublinhou: "Isto é uma falha do Serviço Nacional de Saúde, porque se nós trabalhássemos mais na prevenção e tivéssemos respostas mais rápidas, eles não precisavam de tomar medicação".

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