SAÚDE QUE SE VÊ

Matosinhos aprova nova estratégia de saúde municipal com mais aposta na prevenção

LUSA
11-06-2025 19:14h

A Câmara de Matosinhos, do distrito do Porto, aprovou hoje a Estratégia Municipal de Saúde 2025-2030, um plano que aposta na prevenção e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, envolvendo áreas como educação, ambiente ou ação social.

Aprovado em reunião do executivo municipal, o documento pretende implementar "uma nova forma de pensar a saúde pública", com mais peso à prevenção, procurando evitar os problemas de saúde antes que aconteçam, em vez de atuar apenas quando surgem doenças, promovendo, ao mesmo tempo, o bem-estar da população e hábitos de vida saudáveis

O plano foi elaborado com base num diagnóstico técnico-científico e resultou de uma colaboração entre a Unidade Local de Saúde de Matosinhos e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, contando com contributos de técnicos, entidades locais e cidadãos.

“Uma cidade só é verdadeiramente desenvolvida quando cuida, de forma ativa e contínua, da saúde dos seus cidadãos. A saúde que ambicionamos é uma saúde com rosto humano, próxima, acessível, promotora da autonomia e da dignidade”, afirmou a presidente da câmara, Luísa Salgueiro, através de um comunicado da autarquia.

Entre os principais desafios apontados no documento estão o envelhecimento da população, os impactos das alterações climáticas, a solidão, as desigualdades sociais e a pressão sobre os serviços de saúde locais, problemas que, segundo o executivo, exigem respostas inovadoras e sustentáveis.

A estratégia hoje aprovada propõe uma abordagem mais preventiva e integrada, com ações a serem aplicadas nos vários contextos da vida em Matosinhos, desde as escolas e centros de saúde até aos espaços públicos e habitação, com impacto direto na qualidade de vida da população.

“A saúde é, e continuará a ser, muito mais do que uma área de intervenção. É um compromisso partilhado com o bem-estar de todos os que vivem, trabalham ou crescem em Matosinhos”, frisou Luísa Salgueiro.

O documento foi aprovado com os votos favoráveis do PS, PSD e independente António Parada e a abstenção da CDU. Pela oposição, foram deixadas várias recomendações, para que o plano não seja demasiado vago e vá ao encontro das necessidades da população

Bruno Pereira, do PSD, manifestou essa posição, e apesar do voto favorável, considerou que o plano deve aprofundar temas como a qualidade do ar, a promoção, nas escolas, de estilos de vida saudáveis e uma resposta social em situações de maior vulnerabilidade.

“Tem de ser dada profundidade e sequência ao que se propõe, para que o plano produza efeitos. Este foi um primeiro passo. Votámos a favor com estas recomendações, e dentro de três anos vamos avaliar o impacto, porque os resultados só aparecem com o tempo”, afirmou à Lusa.

Já António Parada, vereador independente, afirmou que o documento “vai acrescentar pouco ao que já existe”, considerando que, embora tenha votado a favor por se tratar de uma proposta na área da saúde, o plano peca por não apresentar medidas concretas, sendo demasiado vago e sem metas quantificadas.

“Diz a quem se dirige, mas não quantifica ações nem aponta eventos concretos. É um plano em aberto, que pode ser melhorado com propostas da oposição. Tudo o que envolva saúde e ação social deve ser apoiado, mas pode e deve ser mais claro nas medidas”, acrescentou à Lusa.

A CDU, através do vereador José Pedro Rodrigues, reconheceu a importância da estratégia, mas salientou que o documento apresenta fragilidades técnicas e falta de articulação com outros instrumentos municipais, como a Carta Educativa e defendeu uma abordagem mais integrada, com base em dados concretos e coordenação eficaz com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos

A CDU apresentou várias propostas, entre elas a criação de um centro dedicado à promoção da saúde, o reforço da resposta a crianças com necessidades especiais nas escolas, a presença de enfermeiros a tempo inteiro e mecanismos de monitorização mais rigorosos e transparentes.

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