O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que Ana Paula Martins, hoje reconduzida como ministra da Saúde, tem uma “segunda e última oportunidade” para concretizar medidas que retirem o SNS do estado de “decomposição” em que se encontra.
“Ana Paula Martins tem uma segunda e última oportunidade de fazer o que não fez no último ano. É lhe dada uma segunda oportunidade e a última, porque ela não pode falhar”, adiantou à Lusa Carlos Cortes.
Depois de ser conhecido que a ministra se mantém no cargo que assumiu pela primeira vez em abril de 2024, o bastonário salientou que mais importante do que as pessoas são as políticas e o trabalho que desenvolvem e, até agora, “tem faltado muita coragem nessas políticas e muita capacidade de reformar, de corrigir o que está mal no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que está em decomposição”.
Segundo alegou, o SNS encontra-se nesse estado devido aos cerca de 1,6 milhões de pessoas sem médico de família e à situação dos serviços das urgências, mas também à incapacidade de atrair e fixar os médicos que são necessários.
“Esse é que é o problema central do SNS”, salientou Carlos Cortes, para quem Ana Paula Martins não vai dispor de estado de graça e vai ter de “rapidamente apresentar as soluções, mas, sobretudo, concretizar a transformação” do serviço público de saúde.
“O que me importa verdadeiramente é o trabalho que vai ser desenvolvido muito rapidamente, já a partir de junho na resposta dos serviços de urgência” ao período de verão, referiu o bastonário recém eleito para um segundo mandato à frente da ordem.
“Essa ministra não entra de novo e não pode ter a desculpa do passado. O passado é ela própria”, referiu ainda Carlos Cortes, ao assegurar que a ordem vai estar “muito atenta e muito interventiva porque o tempo já se esgotou”.
A proposta de nomeação de Ana Paula Martins consta de uma nota no portal da Presidência da República, divulgada após o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, ter aceitado a lista de ministros do XXV Governo Constitucional entregue pelo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro.
Luís Montenegro e os ministros do XXV Governo Constitucional deverão tomar posse na quinta-feira, às 18:00, e os secretários de Estado na sexta-feira.