A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou hoje ter registado seis casos de subnutrição aguda entre crianças num campo de refugiados e migrantes da ilha grega de Samos, cuja construção foi financiada pela União Europeia (UE).
Os médicos da organização internacional diagnosticaram seis crianças, com idades entre os 06 meses e os 06 anos, com desnutrição aguda no Centro de Acesso Controlado e Fechado da ilha, e necessitam de intervenção médica imediata, avançou a MSF, em comunicado.
Estes são os primeiros casos de subnutrição em crianças reportados em Samos desde 2021, ano em que o centro, financiado pela UE com 43 milhões de euros, começou a funcionar.
“A insegurança alimentar prolongada, combinada com o acesso inadequado a cuidados médicos, coloca as crianças em grave risco”, alertou a diretora dos MSF na Grécia, Kristina Psará, na mesma nota.
Além disso, a organização não-governamental (ONG) denunciou que esta situação é agravada pelos requerentes de asilo na Grécia terem sido privados de ajuda financeira mensal nos últimos nove meses.
Em junho passado, o Governo conservador grego decidiu suspender a assistência.
“As famílias ficaram sem meios para obter alimentos, o que coloca a saúde das crianças em maior risco”, alertou a organização.
Embora este centro de acesso fechado na ilha de Samos, no leste do mar Egeu, tenha capacidade para 3.000 pessoas, mais de 3.300 estavam ali alojadas em fevereiro passado, de acordo com o Ministério da Migração grego.
As crianças representam aproximadamente 25% da população do campo, embora “os cuidados pediátricos continuem a ser inadequados, não só no centro, mas em toda a ilha de Samos”, indicaram os MSF.
Várias ONG gregas e internacionais, bem como a imprensa grega, denunciaram as péssimas condições de vida no campo de Samos, onde centenas de crianças estão detidas por tempo indeterminado, sem acesso a água potável, roupa, medicamentos ou educação.
Numa reportagem publicada em março pelo site News247, podem ver-se fotografias do interior deste centro, mostrando menores a dormir no chão e casas de banho num estado deplorável.
Estas condições sanitárias favoreceram a propagação de doenças contagiosas, como sarna e infeções por bactérias estafilococos, entre as crianças, adiantou a mesma fonte.
Diversas ONG criticaram também o Governo grego por manter ilegalmente centenas de menores migrantes não acompanhados em “detenção de facto”, tanto no centro de Samos como noutras zonas do país, para além do limite legal máximo de 25 dias.