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CGTP acusa Governo de "dizer coisas" após Montenegro falar em compensar profissionais de saúde

LUSA
07-04-2025 11:56h

O secretário-geral da CGTP acusou hoje o Governo de “dizer coisas” para “captar o voto”, após o primeiro-ministro se manifestar empenhado em recompensar os profissionais de saúde numa mensagem publicada no Dia Mundial da Saúde.

“Uma coisa é aquilo que se diz no sentido de procurar captar o voto, outra coisa é aquilo que os trabalhadores sentem no dia-a-dia”, disse Tiago Oliveira, à margem de uma concentração no Porto organizada pela Frente Comum para assinalar o Dia Mundial da Saúde.

O líder da CGTP respondia a uma questão sobre a mensagem do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que disse que o Governo continua empenhado em recompensar justamente todos os profissionais, reconhecendo que ainda há muito a fazer.

Na resposta, Tiago Oliveira pediu aos trabalhadores que “façam uma avaliação deste último ano de Governo do PSD e CDS”.

“Facilmente vão constatar que é muito fácil continuar a prometer, difícil é concretizar aquilo que são as respostas que toda a gente procura, nomeadamente hoje, no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Tiago Oliveira acusou ainda o Governo de estar a entregar o SNS aos privados, naquilo que considerou ser “o negócio da saúde”, recusando a justificação de falta de dinheiro para investir no serviço público: “Haver dinheiro há, é preciso é haver opções políticas diferentes”.

“Não basta identificar o problema (…) temos de ver quem é que conduziu [o SNS] até aqui e o objetivo desta condução e de termos o SNS no estado em que está”, disse o sindicalista, acrescentando que “facilmente [se] percebe” o porquê.

O dirigente lamentou a recente entrega de unidades de saúde ao setor privado.

“Não havia dinheiro para o setor público, mas vai haver dinheiro para entregar às Parcerias Público Privadas”, disse, acusando o setor privado: “Aquilo que querem ganhar deste negócio da saúde é o lucro”.

Segundo o sindicalista “vai haver dinheiro para se investir aquilo que não se investiu quando era público e vai haver ainda mais dinheiro para se entregar ao setor privado”.

Questionado sobre se tem receio que o aumento no orçamento para Defesa seja feito à custa dos trabalhadores, Tiago Oliveira mostrou preocupação: “Estamos a falar de centenas de milhões de euros para investir em mais armamento, em mais armas”.

“Onde é que se vai buscar esse dinheiro e o que é que se deixa de investir para haver todo esse dinheiro para a indústria das armas”, apontou.

A Frente Comum está a organizar concentrações por todo o país a propósito do Dia Mundial da Saúde para “alertar para a situação de perigo que o SNS atravessa”.

“Falar de saúde é falar do SNS e as agressões ao SNS acompanham uma opção política de evidente esvaziamento. (…) PS, PSD e CDS são os responsáveis pela degradação do SNS e têm o objetivo determinado de ir ao encontro dos interesses dos grandes grupos económicos da Saúde”, acusou Fátima Monteiro, da Frente Comum, a discursar naquela concentração que, no Porto, juntou cerca de 60 pessoas.

Em Faro também houve uma ação a reivindicar “mais e melhor” SNS, que levou uma dezena de dirigentes sindicais a concentrarem-se à porta do hospital público da capital algarvia.

Guadalupe Simões, membro do secretariado da Frente Comum e do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) resumiu os problemas na região à “falta de recursos humanos […], às dividas que existem a vários grupos profissionais” e à situação “de degradação dos equipamentos da ULS [do Algarve]”.

Em declarações aos jornalistas, a sindicalista sublinhou que todos estes problemas “se devem muito a uma dívida crónica que não é zerada”.

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