A Comissão de Utentes do Concelho de Sintra está desde as 07:00 de hoje junto ao Centro de Saúde do Olival no Cacém, onde dezenas de pessoas aguardam por uma consulta, para alertar para a falta de médicos.
Em declarações à agência Lusa, Amália Alface, da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Sintra, disse que a situação neste centro de saúde bem como em todos os do concelho de Sintra mostram o desinvestimento na saúde, nomeadamente no reforço de recursos humanos.
“Às 07:30 estão dezenas de pessoas à porta à espera de conseguir uma consulta. Está aqui uma pessoa desde as 22:00 de ontem [segunda-feira]. Neste centro de saúde estão inscritas 15 mil pessoas e 90% não tem médico de família. Aliás, há apenas um médico de família”, indicou
Amália Alface destacou que a Comissão vai fazer nos próximos dias um conjunto de ações conjunto de ações à porta de alguns centros de saúde do concelho, que culminará numa marcha pela defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), marcada para 12 de abril.
Além da exigência de mais médicos de família, a comissão pretende ainda alertar para as horas de espera inaceitáveis nos hospitais e para a ameaça de privatização dos serviços.
Amália Alface lembrou que há cerca de 184 mil utentes sem médicos de família na Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra.
“Esta falta de médicos de família condiciona o acesso das populações aos cuidados de saúde primários e causa o congestionamento das urgências hospitalares”, disse, acrescentando que no Hospital Amadora-Sintra os tempos de espera são, nalguns casos, superiores a 30 horas.
Assim, no dia 12 de abril, os utentes vão exigir mais meios humanos, técnicos e financeiros, o reforço a rede de cuidados de saúde primários, o alargamento da rede de cuidados continuados e o reforço permanente das equipas de saúde com todos os profissionais, garantindo-lhes condições de trabalho e descanso adequadas às tarefas que desempenham.
Exigem igualmente “médico e enfermeiro de família para todos os utentes que ponha fim à vergonha das longas filas de espera para marcar uma consulta e um novo hospital público no concelho de Sintra, com 320 camas, que permita às populações dos concelhos de Amadora e Sintra um efetivo acesso aos cuidados de saúde a que têm direito”.
Vão também “recusar do regresso da Parceria Público Privada ao Hospital Amadora Sintra” por entenderem ser “um “verdadeiro sorvedouro do dinheiro público”.
“A recente ameaça de implementação de uma PPP para toda a ULS (Hospital Amadora-Sintra e todos os centros de saúde do concelho de Sintra e Amadora) é o culminar de um processo que visa a privatização de serviços”, disse.
A comissão considerou que o SNS, por força das políticas praticadas nos últimos anos, “tem sofrido um enorme ataque”, estando em causa o direito à saúde universal, geral e tendencialmente gratuita.