O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) tratou no ano passado 41.708 casos de cólera em oito províncias de Moçambique, afetadas pelo surto da doença, indica-se num relatório da agência da ONU.
"A iniciativa chave incluiu o estabelecimento de centros de tratamento da cólera, a distribuição de 148 kits de saúde, 300 kits para diarreia aquosa aguda, 45 camas para cólera, 7.500 redes mosquiteiras e 14.777 peças de proteção pessoal", refere-se num relatório ao qual a Lusa teve hoje acesso.
A iniciativa, em resposta ao surto da doença, contou com o apoio de sete organizações humanitárias no terreno, dos quais constam a Agência de Desenvolvimento Local (Adel), Médicos com África (Cuamm) e a portuguesa Helpo.
Segundo o Unicef, perto de 19.000 casos "ligeiros" de infeção foram tratados através da reidratação oral, reduzindo as mortes por desidratação.
"Para fortalecer a capacidade de resposta a cólera, 475 técnicos de saúde foram treinados em gestão de casos, controlo e tratamento das infeções", acrescenta.
A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, causada pelo vírus vibrio cholerae, que pode causar diarreia grave e aquosa.
Recentemente, as autoridades de saúde na província da Zambézia, no centro de Moçambique, anunciaram o registo cumulativo de 31 casos de cólera este ano, no distrito de Mopeia.
“Houve necessidade de colhermos algumas amostras, que enviámos para o laboratório de referência (...) e, destas, o resultado que tivemos é que algumas são sugestivos ao vibrião colérico”, disse o médico chefe provincial da Zambézia, Isaías Marcos.
Dados do Ministério da Saúde até 17 de dezembro do ano passado indicam que a província de Nampula, no norte do país, registou o acumulado de 302 casos, com 29 mortes desde outubro.
O último relatório sobre a progressão da doença no país, entre outubro de 2023 e julho do ano passado indicava então um total de 16.506 infetados e 38 mortos, com uma taxa de letalidade que se mantém em 0,2% em todo o país.