O diretor do Observatório do Cidadão para Saúde de Moçambique disse hoje que a covid-19 evidenciou a necessidade de se “fortalecer o sistema de saúde” nacional, quando se assinalam cinco anos desde o primeiro caso em África.
“Aprendemos com a covid-19 que é preciso fortalecer o sistema de saúde, não só na perspetiva de doenças endémicas, mas também na perspetiva de que o mundo, o perfil epidemiológico de um país, pode mudar muito rapidamente”, disse Jorge Matine, em entrevista à Lusa, em Maputo.
O diretor da Organização Não-Governamental (ONG) Observatório do Cidadão para Saúde (OCS) questionou a capacidade de Moçambique lidar com a vigilância, internamento e resposta a doenças respiratórias a partir da experiência com a pandemia da covid-19, admitindo a fragilidade do sistema de saúde do país.
“A pergunta que se faz hoje em Moçambique é de que 'será que hoje temos melhores condições de lidar com doenças respiratórias, temos melhores condições em termos de vigilância, internamento para respostas [em casos de] doenças pandémicas como essa da covid-19'?”, questionou o diretor.
Para Jorge Matine, a pandemia evidenciou também a necessidade de uma vigilância epidemiológica “eficiente” a nível global, considerando que se vive agora numa “aldeia global” e com uma “alta mobilidade”.
“Ficou claro que as grandes pandemias, neste caso como a covid-19, dependem da saúde global, o que significa que um país isolado não tem capacidade de fazer essa resposta, precisa de uma solidariedade internacional entre os países, de uma maior coordenação”, referiu.
Moçambique registou o primeiro caso do novo coronavírus em 22 de março de 2020 e em 31 de agosto de 2022, o então Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou o fim da obrigatoriedade generalizada de uso de máscaras para prevenção da doença, com exceção em espaços de saúde e outros casos particulares.
Até agosto de 2022, Moçambique apresentava um balanço global de 2.220 mortes por covid-19, ou seja, cerca de 1% do total de 230.076 casos positivos registados no país.
De acordo com os números do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), organismo da União Africana (UA), a covid-19 infetou 12,1 milhões de pessoas nas 54 nações africanas, representando 2% dos casos a nível mundial. Pelo menos 256.000 pessoas morreram.