SAÚDE QUE SE VÊ

Chega/Açores quer demissão da presidente do hospital de Ponta Delgada

Lusa
07-02-2025 16:23h

O Chega/Açores pediu hoje a demissão da presidente do conselho de administração do hospital de Ponta Delgada, Paula Macedo, afirmando que são “muitas as polémicas” em que está envolvida.

“O grupo parlamentar do Chega exige que o Governo Regional tome uma posição imediata e que demita Paula Macedo, atual presidente do conselho de administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada”, refere o partido em nota de imprensa.

De acordo com aquela força política, “são muitas as polémicas envolvendo a presidente do conselho de administração do HDES, que em nada dignificam o bom nome da saúde na região e até do próprio Governo Regional, que deve estar acima de qualquer suspeita”.

O Chega refere que veio a público que Paula Macedo estava autorizada a acumular funções no serviço público, onde exerce o cargo de diretora clínica e de presidente do conselho de administração do HDES, e no setor privado”, com o Governo Regional a dizer que havia pareceres jurídicos que permitiam esta acumulação de funções.

O partido alega, por outro lado, sem citar a fonte, que a empresa que assinou dois contratos com a Direção Regional da Saúde para equipar o novo hospital modular “com o fornecimento e montagem de uma solução integrada de terapia de infusão e para o fornecimento e montagem de torres de videocirúrgica/laparoscopia, totalizando 853 mil euros em ajustes diretos, tem ligações familiares a Paula Macedo”.

Entretanto, o deputado único da IL/Açores, Nuno Barata, requereu na quinta-feira, no parlamento dos Açores, que o Governo Regional disponibilize as cópias integrais dos documentos jurídicos que fundamentam “a alegada legalidade” da acumulação de funções, públicas e privadas, de Paula Macedo.

O deputado diz que a acumulação de funções públicas com privadas, “segundo foi noticiado e não desmentido, foi autorizada pelo próprio conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada, a 20 de novembro de 2024”, altura em que Paula Macedo “já integrava, na qualidade de presidente e de diretora clínica, o próprio conselho de administração”.

“Quando confrontado com tal possível ilegalidade, o presidente do Governo Regional afirmou, em declarações à RTP/Açores, que sobre este caso ‘foi um estudo feito para garantir que a resolução que o Conselho do Governo assumiu para (…) o quadro atual fosse o que é'".

Num parecer dos juristas da Secretaria Regional da Saúde e Segurança Social, a que a Lusa teve acesso, refere-se que o artigo 23.º do Estatuto do Serviço Regional da Saúde, aprovado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 28/99/A, de 31 de julho, na sua redação atual prevê, no que se refere a incompatibilidades, que “aos profissionais dos quadros do SRS é permitido, nos termos da lei, o exercício de atividade privada”.

“Em qualquer caso, o exercício de atividade fora do SRS ocorrerá em observância dos princípios da compatibilidade de horário, do não comprometimento da isenção e da imparcialidade do funcionário ou agente e da inexistência de prejuízo efetivo para o interesse público”, adianta-se no parecer.

Já o parecer do Centro de Consulta e Estudos Jurídicos do Governo dos Açores, a que a Lusa também teve acesso, esclarece que aos membros do conselho de administração “aplica-se o regime previsto no Estatuto do Gestor Público Regional, sem prejuízo do disposto no artigo 23.º do Estatuto do Serviço Regional de Saúde”.

Assim, “aos profissionais dos quadros do SRS é permitido, nos termos da lei, o exercício de atividade privada”.

O parecer sublinha que, “em qualquer caso, o exercício de atividade fora do SRS ocorrerá em observância dos princípios da compatibilidade de horário, do não comprometimento da isenção e da imparcialidade do funcionário ou agente e da inexistência de prejuízo efetivo para o interesse público”.

MAIS NOTÍCIAS