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Gaza e Ucrânia entre prioridades dos EUA para presidência do Conselho de Segurança da ONU

LUSA
02-12-2024 20:32h

Os Estados Unidos assumiram hoje a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, durante a qual darão prioridade às guerras em Gaza e na Ucrânia, mas também a questões relacionadas com a segurança alimentar ou a Inteligência Artificial.

A embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, apresentou hoje à imprensa a sua agenda para dezembro, naquele que será o seu último mês no cargo antes de ser substituída pela congressista republicana Elise Stefanik, nomeada pelo Presidente eleito, Donald Trump.

Num briefing acompanhado pela agência Lusa na sede da ONU, em Nova Iorque, Linda Thomas-Greenfield assumiu que a situação na Faixa de Gaza estará no topo das suas prioridades, admitindo estar comprometida com a libertação dos reféns ainda retidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas e em melhorar a situação humanitária no enclave palestiniano.

"Os esforços diplomáticos continuam a ser feitos [para um cessar-fogo em Gaza]. Em relação à situação humanitária, trabalhamos diariamente no terreno para resolver a situação e para garantir que comida e assistência necessária possam ser entregues ao povo palestiniano. Mais precisa de ser feito nessa área e vamos continuar a trabalhar para isso", reforçou a diplomata.

Nesse sentido, estão agendadas para este mês duas reuniões para abordar a situação em Gaza: a habitual reunião mensal sobre o tema e um 'briefing' da coordenadora Humanitária e de Reconstrução da ONU para Gaza, Sigrid Kaag.

Os EUA convocaram também para este mês uma reunião sobre a Ucrânia, num momento em que a guerra tem escalado e quando faltam poucas semanas para Donald Trump tomar posse, esperando-se uma mudança drástica no apoio norte-americano a Kiev.

Durante a presidência mensal do Conselho de Segurança, os EUA vão organizar dois eventos especiais, sendo o primeiro um 'briefing' sobre mulheres, paz e segurança e que será focado no poder dos diálogos intergeracionais e parcerias entre mulheres no avanço da paz e da segurança.

O segundo evento especial será um briefing sobre Inteligência Artificial, integrado na agenda de “Manutenção da paz e segurança internacionais” do Conselho de Segurança da ONU. 

"Vamos focar-nos também na fome global e na segurança alimentar", frisou a embaixadora, destacando que esta foi uma das grandes prioridades do seu mandato de quatro anos que em breve chegará ao fim.

"Esta quarta e última presidência [do Governo de Biden] será um ‘sprint’, porque há muito trabalho para fazer. Temos pouco tempo, mas muito para fazer", afirmou a embaixadora norte-americana, nomeada pelo Presidente, Joe Biden.

Durante dezembro, serão abordados outros temas relacionados com o Médio Oriente além de Gaza, como a Síria, Iémen, Iraque e Montes Golã, assim como assuntos relacionados com África, como a República Democrática do Congo, Somália, Sahel, Líbia, Região da África Central e Sudão.

Ainda sobre a situação do Sudão, Linda Thomas-Greenfield anunciou que será convocada uma reunião de nível ministerial para debater o assunto.

Também serão convocadas reuniões sobre o Haiti e o Afeganistão.

Questionada sobre a possibilidade de negociações diplomáticas sobre a Síria, a representante de Washington acusou o regime de Bashar al-Assad de ignorar as resoluções e negociações da ONU.

"Foi o regime de Assad que ignorou as resoluções do Conselho de Segurança e se recusou sentar à mesa", disse Thomas-Greenfield, expressando preocupação com os últimos acontecimentos na Síria.

"A situação atual no local é preocupante. Estamos a observar essa situação muito de perto e continuaremos a envolver-nos com parceiros na região (...) para que a situação volte à calma", acrescentou.

Após fazer um balanço sobre quatro anos em que representou os Estados Unidos na ONU, a embaixadora foi questionada sobre se tinha algum arrependimento.

"Estou muito orgulhosa por ter trazido de volta o respeito internacional pelos EUA", afirmou.

"Tenho alguns arrependimentos, não os vou partilhar aqui. Mas nós temos a responsabilidade de trazer paz e segurança e eu sairei desta porta com vários conflitos a decorrer ao redor do mundo. (...) Esse é o meu arrependimento", admitiu a diplomata de carreira, que nos últimos meses tem sido duramente criticada por defender fortemente Israel face à guerra em Gaza e por vetar em várias ocasiões resoluções que previam um cessar-fogo no enclave.

Os Estados Unidos da América (EUA) integram o painel dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto. Os restantes são Rússia, França, Reino Unido e China.

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