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Seguro afasta regresso à vida partidária

Lusa
21-11-2024 23:46h

O antigo secretário-geral socialista António José Seguro afastou hoje a possibilidade de regressar à vida partidária e defendeu que a liderança de Pedro Nuno Santos precisa de tempo para se afirmar como alternativa.

Após um longo silêncio e uma semana antes de estrear o seu espaço semanal de comentário na CNN, António José Seguro deu esta noite uma entrevista à TVI/CNN na qual disse não guardar rancores em relação ao processo das primárias do PS que perdeu para o ex-primeiro-ministro António Costa porque “o que se passou em 2014 ficou em 2014”.

O antecessor de Costa na liderança do PS desejou “as maiores felicidades” ao futuro presidente do Conselho Europeu – desejos que estendeu a Maria Luís Albuquerque no cargo de comissária europeia.

Para Seguro, António Costa “tem a arte e o engenho e as características que podem fazer dele um bom presidente do Conselho Europeu”, apesar de antecipar que não será um mandato fácil tendo em conta o contexto europeu.

“Neste momento dei um passo no sentido da vida pública, estou a ponderar no sentido da vida política e não tenciono voltar à vida partidária”, respondeu, quando questionado sobre a possibilidade de voltar a disputar a liderança do PS.

Segundo o antigo líder do PS, o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, “precisa de tempo” já que foi uma nova geração a que assumiu os destinos do Largo do Rato.

“Precisa de tempo, precisa de espaço, precisa de estabilidade para poder afirmar a sua alternativa. Ele [Pedro Nuno Santos] anunciou que vai lançar uns estados gerais para discutir, apresentar a sua proposta e tem todo o direito de ir a eleições legislativas, apresentar-se e os portugueses decidem e avaliam”, defendeu.

Sobre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo dirigente socialista considerou que “agiu muito mal quanto equiparou o chumbo do Orçamento do Estado à dissolução do parlamento”, referindo-se à crise política aberta em 2021.

Para Seguro, Marcelo Rebelo de Sousa deveria ter tido “uma atitude mais discreta no sentido de criar condições para que pudesse haver um entendimento” entre o PS e os seus antigos parceiros de geringonça.

“Exigia-se ao Presidente da República mais discrição e ele optou por avisar, por ventura pensando que com isso poderia forçar a aprovar o orçamento”, disse.

Na opinião do antigo líder do PS, Marcelo “andou muito bem” no seu primeiro mandato ao ter contribuído para descrispação da politicam e teve um “papel muito importante” na gestão da pandemia, mas no segundo mandato “banalizou um pouco a palavra”.

Sobre o atual executivo de Luís Montenegro (PSD/CDS-PP), considerou que este é um “Governo de turno que mal chega tem que resolver problemas, emergências”, admitindo ser inegável que o primeiro-ministro “começou bem”, mas a questão é que “o país tem que resolver problemas estruturais” como o crescimento económico e a produtividade.

Alertando para o facto de as condições de governabilidade se terem deteriorado em Portugal, Seguro lançou para o debate uma possível alteração constitucional precisamente para garantir essa estabilidade governativa.

“Uma das possibilidades é que só haveria chumbo do Orçamento do Estado se houvesse um Orçamento do Estado alternativo”, sugeriu, considerando que esta seria uma ideia na lógica de construção de alternativa.

A democracia, de acordo com o socialista, tem neste momento “uma espessura muito fina” e “há muitos portugueses que não confiam nas instituições”.

“Alguns vão para a abstenção, outros saem da abstenção para ir votar e muitas das vezes os movimentos populistas aproveitam-se destes casos”, alertou.

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