A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) defendeu hoje a necessidade de farmacêuticos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, sublinhando que estes profissionais, além de conseguirem poupanças no sistema, evitam idas às urgências.
Em declarações à Lusa a propósito do Índex Nacional de Acesso ao Medicamento Hospitalar 2024, que é hoje apresentado em Lisboa, o presidente da APAH, Xavier Barreto, destacou o “benefício enorme” da consulta farmacêutica e lembrou que esta ainda abrange poucos doentes e só não está mais desenvolvida por falta de recursos.
“O doente que tem, por exemplo, baixa adesão terapêutica, ou um doente asmático, que não consegue fazer bem aquelas bombas - não faz nos dias que devia e da forma que devia -, ou aquele que não toma os medicamentos para a hipertensão (…), estes doentes precisam de uma consulta farmacêutica”, explicou.
Segundo disse, nestes casos, sem uma consulta destas os problemas dos doentes “vão agudizar”, os doentes vão piorar e “acabam por ir parar às urgências”.
“São também estes doentes que acabam por contribuir para a sobrelotação dos serviços de urgência”, alertou o responsável, sublinhando que ao evitar estas idas à urgência acaba por se conseguir uma poupança no sistema.
Xavier Barreto considera a consulta farmacêutica “fundamental” e lamenta que ela não seja uma realidade “para um conjunto enorme de doentes” por falta de farmacêuticos.
“Claramente os farmacêuticos têm cada vez mais trabalho. São os farmacêuticos que preparam as quimioterapias. Se nós temos mais cancro e diferentes tipos de cancro, naturalmente, vamos precisar de mais farmacêuticos. Se temos mais atividade, mais consultas, mais internamentos, mais cirurgias, toda essa atividade precisa de farmacêuticos, precisa de medicamentos”, alerta.
Fala ainda da importância da inclusão de um profissional farmacêutico na visita aos internamentos, para que o farmacêutico ajude a equipa médica a definir tanto o medicamento a usar, como o esquema terapêutico. “Existe evidência internacional de que se economiza muito dinheiro, porque [o farmacêutico] escolhe os melhores medicamentos, os tratamentos mais custo-eficazes, na dose correta, com o esquema correto e isso traduz-SE em poupanças enormes”, sublinhou.
A este propósito, Xavier Barreto lembra que o medicamento “é uma das grandes linhas de custo dentro dos hospitais” e “tem crescido muito nos últimos anos”.
”E nós não estamos a utilizar esse potencial dos farmacêuticos porque não os temos”, acrescentou.
O último relatório da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) sobre a monitorização de despesa nesta área indica que o encargo com medicamentos em ambulatório nos primeiros oito meses do ano atingiu os 1.103 milhões de euros, um crescimento de 43,6 milhões no mesmo período (+4,1%).
De acordo com os dados do hoje divulgados, a despesa em medicamentos aumentou na maioria dos hospitais (86%), sobretudo na área oncológica, nos fármacos anti-infecciosos/VIH e na reumatologia.