O BE nos Açores quer que sejam criadas condições para que as grávidas voltem a ter acompanhante no parto em São Miguel, alegando que esse direito "tem sido negado" desde o incêndio no hospital, foi hoje anunciado.
“Se, por um lado, já era inadmissível a impossibilidade de as grávidas terem acompanhante nos partos por cesariana no HDES [Hospital do Divino Espírito Santo], a situação do incêndio piorou a experiência de parto destas mulheres e famílias, uma vez que passaram a ter de estar sozinhas num momento de extrema importância nas suas vidas”, considera o Bloco de Esquerda (BE) num requerimento que enviou hoje ao Governo Regional (PSD-CDS/PP-PPM).
O Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, o maior dos Açores, foi afetado por um incêndio no dia 04 de maio, que obrigou à transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para fora da região.
Num comunicado de imprensa enviado às redações, o BE adianta que solicitou, no requerimento, explicações ao Governo açoriano sobre a situação do acompanhamento no parto na ilha de São Miguel.
"É do conhecimento público que, desde o incêndio que afetou o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em 04 de maio de 2024, as grávidas estão impedidas de ter acompanhante durante o trabalho de parto", aponta o deputado único do BE no parlamento açoriano, António Lima.
O Bloco quer que o Governo explique porque motivo "não foram ainda emanadas diretrizes” para que o hospital privado CUF Açores, para onde estão a ser encaminhadas as grávidas, altere os procedimentos e permita a presença de acompanhantes.
“Irá o Governo Regional alterar a sua conduta em relação à restrição de acompanhante nos partos por cesariana? Se sim, quando entrará em vigor?”, questiona António Lima, no requerimento.
Por outro lado, o deputado, que é também dirigente regional do partido nos Açores, denuncia o incumprimento do Governo da resolução aprovada no parlamento que recomendava medidas de prevenção e combate à violência obstétrica nos Açores, nomeadamente a realização de um estudo regional anónimo sobre práticas de violência obstétrica, a implementação de um inquérito de satisfação às mulheres em relação à sua experiência de parto e ações de sensibilização para a prevenção e combate à violência obstétrica.
O Bloco refere que se “desconhece verdadeiramente o grau de violência obstétrica na região", porque o Governo Regional "não avança” com estas medidas que foram recomendadas pelo parlamento, por proposta do BE.
“Todas estas lacunas, combinadas com a atual situação hospitalar na ilha de São Miguel, poderão ter consequências negativas na experiência de parto das mulheres e famílias”, lê-se ainda.