O Sindicato dos Médicos são-tomenses suspendeu hoje a greve iniciada em 24 de outubro por falta de medicamentos e consumíveis, mas instou o Governo “a assumir erros de planificação” e “incapacidade" face às necessidades do sistema de saúde do arquipélago.
“Apesar da recusa do Governo em assinar um memorando de entendimento que o comprometa em assumir as suas responsabilidades, o Sindicato dos Médicos decidiu suspender a greve, com efeito a partir de hoje 06 de novembro de 2024, por um período de três semanas, com a esperança de ver todos os problemas resolvidos tal como consta do nosso caderno reivindicativo”, declarou a secretária-geral do Sindicato dos Médicos de São Tomé e Príncipe (Simede).
Benvinda Vera Cruz referiu que os médicos exortam o Governo a “ter coragem de assumir as suas responsabilidades, rever a sua gestão do Sistema Nacional de Saúde e os seus erros de planificação, ter coragem de assumir a sua incapacidade em dar resposta as necessidades reais do sistema de saúde, ter coragem de acabar com a venda ambulante de medicamentos” e “realizar inspeções periódicas às clínicas e farmácias privadas”.
Após o início da greve dos médicos que o Governo considerou ilegal, o executivo fez chegar ao país dois lotes de medicamentos e consumíveis, por via aérea, e prometeu outras encomendas nos próximos tempos, mas os médicos dizem ter sido negada uma solicitação para a verificação dos medicamentos nos armazéns, o que lhes “deixa com muita dúvida sobre esta informação”.
“Os médicos não gerem os medicamentos, apenas prescrevem aquilo de que os doentes necessitam, não podendo ser responsabilizados das consequências derivadas por falta dos medicamentos, consumíveis e meios complementares de diagnóstico”, apontou a secretária-geral do Simede.
Benvinda Vera Cruz disse ainda que a suspensão da greve visa “dar ao Governo mais um tempo para que faça o que lhe é devido por obrigação na lei”, assegurando que os médicos comprometem-se "em garantir a continuidade dos serviços por parte dos profissionais, dentro dos padrões éticos e deontológicos a que são inseridos".
Na semana passada, o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, defendeu a necessidade de “responsabilização de todos os atores do sistema de saúde”, um aumento do controlo, reforço das equipas, melhor articulação com a ordem dos médicos, informatização e, sobretudo, o fim do roubo de medicamentos.
“Temos que acabar com aquilo que todos os são-tomenses sabem e não falam que é o roubo de medicamentos nesse país”, salientou Patrice Trovoada.