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Países lusófonos querem tecnologia da China para apostar na medicina tradicional

Lusa
25-10-2024 07:57h

Os países de língua portuguesa querem aproveitar o conhecimento e a tecnologia da China para desenvolver a medicina tradicional com recursos naturais locais, disse hoje à Lusa um especialista de Angola.

O chefe do Departamento de Medicina Tradicional do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) angolano falava, em Macau, à margem do encerramento de um programa de cooperação sobre medicina tradicional.

Feliciano Njele Hequele manifestou esperança que a China possa levar o conhecimento, “o avanço tecnológico” e os laboratórios de referência que tem nesta área para desenvolver a medicina tradicional nos países lusófonos.

Os participantes no programa, vindos de sete países de língua portuguesa, disseram acreditar que o potencial das plantas locais pode mesmo interessar os empresários da China, onde a medicina tradicional é já um enorme negócio, acrescentou Hequele.

“Chegamos a um momento em que essas plantas podem ser potencializadas numa perspetiva mais técnica, científica e até podem ser também uma potência do ponto de vista económico”, defendeu.

O dirigente do INIS, sob a tutela do Ministério da Saúde de Angola, expressou interesse num “intercâmbio mais formal”, que possa incluir a assinatura de protocolos de cooperação.

Hequele sublinhou que Angola pode aprender com a China no que toca à integração entre a medicina convencional e a medicina tradicional, que utiliza recursos naturais, “baratos e de fácil acesso por parte da população”.

O secretário-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, mais conhecido por Fórum de Macau, disse esperar que o programa possa levar a uma ligação “mais estreita na área da saúde”, incluindo a um “intercâmbio de experiências e visitas mútuas”.

Ji Xianzheng acrescentou que a iniciativa, realizada em conjunto com o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa Guangdong Macau (GMTCM, na sigla em inglês), permitiu aos participantes entrar em contacto com “empresas importantes” nesta área.

A presidente associada do Parque GMTCM sublinhou que, durante duas semanas, especialistas e dirigentes governamentais dos países lusófonos puderam visitar hospitais de medicina tradicional chinesa e laboratórios de investigação.

Além disso, Xu Yan Bin referiu que os participantes passaram ainda por universidades, departamentos governamentais e empresas, nas cidades de Zhuhai, Jiangmen e Guangzhou, na vizinha província de Guangdong.

A dirigente lembrou que o Parque tem como meta a “industrialização e internacionalização” da medicina tradicional chinesa e tem já ajudado no registo de três medicamentos em Moçambique e 11 no Brasil.

Xu Yan Bin acrescentou que a instituição também pode ajudar os países de língua portuguesa, que descreveu como “ricos em recursos naturais, plantas medicinais e culturas tradicionais”.

Em 2003, Pequim estabeleceu Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com o bloco lusófono e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau.

Este mecanismo multilateral integra, além da China, nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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