O Fundo Verde para o Clima, o Governo malauiano e a Save the Children anunciaram hoje um apoio de 34 milhões de euros para ajudar comunidades rurais do Maláui afetadas pelas alterações climáticas nos próximos cinco anos.
"O projeto 'Saúde e bem-estar resilientes às alterações climáticas para as comunidades rurais do sul do Maláui' visa beneficiar diretamente cerca de 1,7 milhões de pessoas - 22% da população - em seis distritos do sul do país durante os próximos cinco anos", declarou a Organização Não-Governamental Save the Children através de um comunicado de imprensa.
O foco do projeto serão as mulheres, crianças, e outros grupos vulneráveis, que são mais afetados por choques climáticos como ciclones, inundações e secas, explicou a ONG.
"Estes fenómenos climáticos estão a tornar-se mais frequentes e graves devido à crise climática, conduzindo a uma espiral de casos de doenças transmitidas pela água e por vetores, como a malária, a cólera e a diarreia", lamentou.
O Maláui, país vizinho de Moçambique, foi classificado recentemente em 117.º lugar num estudo sobre a "resiliência aos choques, incluindo os impactos das alterações climáticas", numa lista de 142 países, indicou.
Assim, "este programa visa preparar melhor o pessoal de saúde e as comunidades para gerirem estes riscos e ajudarem as crianças a prosperar", disse.
A malária, por exemplo, é a quinta maior causa de morte no Maláui, sendo a sua transmissão impulsionada por temperaturas elevadas, precipitação e humidade, exemplificou.
"Com estes padrões climáticos cada vez mais extremos, a doença já está a ser registada em zonas de grande altitude, que anteriormente eram zonas livres de malária, e o ciclo de crescimento do parasita em altitudes mais baixas está a desenvolver-se mais rapidamente, aumentando a transmissão da doença", alertou.
O aumento das inundações é também suscetível de propagar a malária e outras doenças transmitidas por vetores, bem como doenças diarreicas como a cólera - a sétima maior causa de morte nesta nação, frisou.
"O novo projeto apoiará a criação de um Sistema de Alerta Rápido e Resposta - uma vigilância integrada do clima e da saúde para prever surtos e picos de doenças e afeções sensíveis ao clima", disse.
A iniciativa "reforçará igualmente a resiliência dos centros de saúde, dos hospitais e das infraestruturas de água, saneamento e higiene; apoiará e formará o pessoal de saúde para melhorar a monitorização, o tratamento, a prevenção e a transmissão de mensagens de saúde pública sobre as doenças; e apoiará as comunidades na gestão de uma série de impactos das alterações climáticas na saúde, centrando-se particularmente nos grupos marginalizados, incluindo as mulheres grávidas e as famílias com crianças com menos de dois anos, explicou.
"Este projeto foi possível graças a uma subvenção de 33 milhões de dólares do Fundo Verde para o Clima [cerca de 31 milhões de euros] e ao cofinanciamento de 1 milhão de libras [cerca de 1,2 milhões de euros] da empresa farmacêutica GSK e de 1 milhão de euros da Foundation S - The Sanofi Collective (organização filantrópica da Sanofi)", indicou.
Outros apoios financeiros são também da Moondance Foundation e do Foreign, Commonwealth and Development Office do Reino Unido, juntamente com uma contribuição em géneros do Ministério da Saúde do Governo do Maláui, concluiu.