O economista-chefe do Banco Mundial para África, Andrew Dabalen, disse hoje que a energia e a educação são as duas grandes prioridades para o continente africano, defendendo uma "mudança de paradigma" nesta área.
"As duas grandes prioridades do Banco Mundial para África são a energia e a educação", disse Dabalen durante uma conversa com jornalistas que antecedeu a divulgação do Pulsar de África, o mais importante relatório anual da instituição sobre o continente.
Na energia, o Banco Mundial tem em curso uma iniciativa para ligar 300 milhões de pessoas à rede elétrica, e na educação defendeu que é preciso passar de uma cultura de inscrição, para uma cultura de resultados, acrescentando que os países africanos têm de "trabalhar para mudar o paradigma e fazer grandes investimentos nestas duas áreas, porque são estas duas áreas que vão conduzir à transformação das economias da região".
A energia, salientou, "é crucial para alimentar as fábricas, os pequenos empregos e para as casas das pessoas", apresentando vários exemplos de como as economias africanas poderiam desenvolver-se mais depressa se houvesse mais investimento na eletrificação das casas e empresas e também na educação dos jovens africanos.
Andrew Dabalen defendeu que é preciso mudar a estrutura dos países africanos, tornando as finanças menos dependentes de matérias-primas como o petróleo, o gás ou os minerais, não só para subir na cadeia de valor e diversificar as economias, mas também porque "o crescimento económico está demasiado dependente de produtos muitos sensíveis à natureza e às matérias-primas, razão pela qual África não recuperou tão depressa da pandemia como outras regiões".
Entre a panóplia de áreas onde os países africanos precisam de apostar para acelerar o desenvolvimento, Dabalen elencou as "estradas, melhor liderança, melhor governação e mais infraestruturas ferroviárias e logísticas", argumentando que "uma coisa que podia melhorar muito a situação atual seria uma população educada e com acumulação de conhecimentos focada no produto final", que serão tanto maiores quanto mais cedo começarem.
Lembrando que só três em cada dez crianças africanas frequentem o ensino pré-primário, Dabalen disse que as crianças têm de ir para a escola mais cedo e que a preocupação deve ser, mais do que o número de inscrições na escola, os resultados que as crianças e jovem têm da frequência escolar.
"A pré-primária é fundamental para garantir as bases para o desenvolvimento cognitivo, físico e social, e a capacidade de trabalhar em equipa", afirmou, concluindo que "os benefícios comprovados (de ir para a escola logo na pré-primária) são enormes".