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Ex-bastonária dos enfermeiros escreve ao PM a pedir que rastreio do cancro da mama baixe para 45 anos

Lusa
04-10-2024 15:56h

A ex-bastonária da Ordem dos Enfermeiros Ana Rita Cavaco escreveu ao primeiro-ministro a apelar para que a idade do rastreio do cancro da mama baixe para os 45 anos, alertando que a doença atinge mulheres cada vez mais jovens.

No mês de sensibilização para a luta contra o cancro da mama, conhecido por “Outubro Rosa”, Ana Rita Cavaco lembra na carta, a que a agência Lusa teve acesso, que há dois anos que a recomendação da União Europeia é descer a idade do rastreio para os 45 anos e observa que os Estados Unidos da América baixaram para os 40 anos.

Em Portugal, a recomendação é aos 50 anos, uma norma que a Direção-Geral da Saúde (DGS) disse que ia ser alterada, baixando o rastreio para 45 anos, e que estaria pronta até junho deste ano.

“Esta mudança foi anunciada há um ano pela DGS mas estamos em pleno Outubro Rosa sem que a DGS tenha feito o seu papel”, lamenta a enfermeira especialista, contando que foi diagnosticada aos 47 anos com cancro da mama, “fora da idade de rastreio em Portugal mas dentro da idade recomendada em todos os outros países”.

Ana Rita Cavaco conta que foi diagnosticada com cancro de mama ainda no exercício do cargo de bastonária da Ordem dos Enfermeiros, tendo passado por sessões de quimioterapia, cirurgia e radioterapia, e que está “atualmente e oficialmente em remissão”.

“Foi uma batalha dura como será e foi para milhares de mulheres e homens no mundo inteiro. A incidência da doença aumenta a olhos vistos em mulheres cada vez mais jovens e em homens também”, alerta.

Na carta dirigida ao chefe do Governo, Luís Montenegro, a ex-bastonária diz que pretende abordar “questões práticas, do dia-a-dia, que fazem a diferença na vida de qualquer mulher, ou homem, que passou ou poderá passar por um diagnóstico de cancro de mama”.

“Escrevo, não por mim, mas por todos os que não têm, como eu tive, a possibilidade de ter acesso a coisas simples, como um rastreio ou pequenas coisas que, não sendo luxos ou estética, fazem verdadeiramente a diferença na vida de quem tem um cancro”, afirma, exemplificando que na Suíça e na Alemanha são oferecidas perucas e um lenço.

Ana Rita Cavaco lembra que em Portugal uma peruca de cabelo natural custa em média 2.500 euros, sendo a comparticipação da ADSE de cerca de 270 euros e dos seguros de saúde cerca de 800 euros, dependendo do preço da peruca e do tipo de seguro.

"Mas para quem tem apenas SNS a comparticipação é zero”, lamenta, apontando outras questões como a fisioterapia pós cirurgia da mama não chegar para todos e ter um custo médio de 45 euros por sessão e os cremes para a pele, que a quimioterapia seca, não serem “de graça”.

“É por tudo isto que muitos profissionais de saúde a trabalhar em oncologia defendem a oferta de um Kit personalizado e gratuito para os doentes oncológicos e, claro está, as mulheres e homens com cancro de mama”, salienta Ana Rita Cavaco.

Diz que com esta carta quis deixar o seu “pequeno contributo” numa questão que “é fundamental para tantas e tantas famílias a quem o cancro invadiu o espaço e a casa, umas vezes com histórias de alegria e superação, outras com batalhas perdidas”.

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