A Unidade Local de Saúde de Santa Maria vai libertar 67 camas de internamento, na sequência de um protocolo hoje assinado com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que vai acolher utentes que já receberam alta clínica.
O protocolo assinado entre as duas instituições prevê a transferência de utentes com alta clínica, mas que continuam internados nos hospitais da Unidade Local de Saúde de Santa Maria (ULSSM) por falta de uma resposta social, para 67 vagas de proximidade em duas unidades da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
Segundo a ULSSM, esta medida constitui um dos pilares estratégicos do seu plano de resposta assistencial para o inverno.
No imediato, vão ser libertadas 25 camas para doentes agudos nos hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, com a transferência de utentes que já não precisam de cuidados hospitalares diferenciados para uma unidade nova da Santa Casa, em Monsanto.
A Residência Raquel Ribeiro, que será inaugurada pela SCML na quarta-feira, tem uma capacidade total de 66 camas e conta com gabinetes médicos e de enfermagem, uma piscina de reabilitação, além de zonas de lazer, adiantou a ULSSM em comunicado.
As restantes vagas para utentes da ULSSM que já receberam alta clínica, mas continuam internados em camas hospitalares a aguardar respostas sociais ou da rede de cuidados continuados, serão ocupadas na primeira quinzena de outubro no Hospital Ortopédico de Sant'Ana, também da SCML.
Em 2023, só nas enfermarias do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Santa Maria, 3.500 doentes necessitaram de apoio do Serviço Social da ULSSM e, desse total, cerca de 10% corresponderam a internamentos sociais.
Os dados revelados em maio pelo último barómetro promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) indicavam que os hospitais do SNS tinham, em 20 de março, 2.164 camas ocupadas com internamentos inapropriados, mais 11% face ao mesmo período de 2023.
Considera-se internamento inapropriado todos os dias que um doente passa no hospital após alta clínica e não existe motivo de saúde que justifique a sua permanência em ambiente hospitalar.
A libertação de camas indevidamente ocupadas nos internamentos hospitalares é uma das medidas prioritárias previstas no Plano de Emergência e Transformação da Saúde do Governo, prevendo, além do recurso à rede nível dos setores social e privado, a hospitalização domiciliária, sempre que possível.