Várias centenas de vacinas contra o monkeypox (mpox) foram administradas desde terça-feira no Ruanda, no âmbito da primeira campanha de imunização realizada no continente africano, anunciou hoje a agência sanitária da União Africana (África CDC).
"A vacinação começou no Ruanda em 17 de setembro e cerca de 300 pessoas de alto risco foram vacinadas", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) a porta-voz do África CDC, Addis Asheber.
Estas primeiras centenas de vacinações "visaram sete distritos (...) que partilham uma fronteira com a República Democrática do Congo (RDCongo)", disse o chefe de pessoal da agência, Ngashi Ngongo, numa conferência de imprensa.
O Ministério da Saúde do Ruanda confirmou hoje à noite o início da campanha de vacinação, sublinhando que se destinava "ao pessoal médico, aos trabalhadores transfronteiriços, às pessoas que trabalham no setor do turismo e a outros grupos de alto risco".
A fronteira entre o Ruanda e a RDCongo é um centro de comércio, mas a região também atrai turistas, que vêm sobretudo para admirar os gorilas de montanha.
Na RDCongo - país que faz fronteira com Angola e epicentro da epidemia - a vacinação começará "na primeira semana de outubro", segundo o diretor-geral do África CDC, Jean Kaseya.
"Podemos dizer hoje que o mpox não está sob controlo em África, continuamos a ter um aumento de casos, o que se torna preocupante para todos nós", alertou Kaseya.
O África CDC contabilizou 2.912 novos casos suspeitos, 374 novos casos confirmados e 14 mortes no continente numa semana. O total é agora de 29.152 casos detetados, 6.105 casos confirmados e 738 mortes em 15 países do continente.
O mpox, anteriormente conhecido como varíola dos macacos, é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas também é transmitida entre seres humanos, causando febre, dores musculares e lesões cutâneas.
Em 13 de agosto, o África CDC declarou o mpox uma "emergência de saúde pública de segurança continental" e, um dia depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o estado de alerta sanitário internacional.
O alerta sanitário da OMS refere-se à rápida propagação e à elevada mortalidade em África da nova variante (clade 1b), cujo primeiro caso foi identificado fora do continente, na Suécia, numa pessoa que viajou para a região africana onde o vírus circula intensamente.
Esta variante é diferente da clade 2, que causou um violento surto em África em 2022, bem como centenas de casos na Europa, América do Norte e países de outras regiões, e levou à declaração de emergência sanitária internacional da OMS entre 2022 e 2023.