Covelo de Paiva vive rodeada de chamas há quatro dias e a população não dorme há três noites, porque apesar de o fogo não ter entrado na população, ainda não saiu da periferia.
“Andamos aqui há três noites sem dormir. Vamo-nos revezando para ir ajudando no que conseguimos. Agora, o objetivo é salvaguardar este pavilhão, já retirámos os animais e material agrícola, mas temos de proteger o máximo que conseguimos”, disse à agência Lusa Cláudia Ferreira.
O pavilhão fica a poucos metros do cemitério de Covelo de Paiva, “a poucos metros da aldeia” e, pelo caminho, “é muito eucalipto, carvalho, pinheiro e muito mato”.
Com Cláudia Ferreira andam outros populares, como Carla Guerreiro, que contou que, “por precaução, as pessoas mais idosas já foram retiradas de casa na quarta-feira para casa de filhos e familiares que estão em zonas mais seguras”.
“Não foram muitas, umas quatro, cinco pessoas com mais idade e por precaução. Por enquanto, a população está calma. Tem de ser, temos de manter a calma para tudo correr bem”, acrescentou Cláudia Ferreira.
Carla Guerreiro adiantou que em Covelo de Paiva, concelho de Castro Daire, vivem, “nesta altura do ano, pouco mais de 40 pessoas, mas no verão mais do que quadruplica e, hoje, muitos nem foram trabalhar”.
“Nós estamos com as chamas à porta, desde que começou em Vila Nova de Paiva, mas seguiu pelo sul, por Gaviões para o lado de Castro Daire. Ontem [quarta-feira] deu a volta e está de regresso aqui. Hoje está mais complicado”, considerou.
Covelo de Paiva faz fronteira com Vila Nova de Paiva e com Viseu e hoje à noite o incêndio “virou-se novamente” para o lado desta localidade que pertence à freguesia de Moledo.
“Desde que começou em Vila Nova de Paiva que estamos em vigia, porque a qualquer hora mudam os ventos. Tanto nos pode chegar por Quintâs [freguesia de Côta], concelho de Viseu, por Gavião, que é concelho de Castro Daire e já ardeu esta noite, já lá andámos a ajudar”, disse.
Carla Guerreiro disse ainda que, “felizmente, durante a noite chegou muita ajuda de bombeiros, o que permitiu que o fogo não entrasse em Covelo de Paiva, porque a uma determinada hora estava controlado, mas no início da noite descontrolou tudo”.
“A aldeia não foi evacuada, os bombeiros ajudaram muito”, afirmou Carla Guerreiro.
No local, e desde quarta-feira, estavam, acima de tudo veículos e bombeiros voluntários da região da grande Lisboa.
À agência Lusa, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Castro Daire, Paulo Almeida, adiantou que “tendo em conta os ventos e a direção que as chamas levam, está a ser feito um reforço de meios, especialmente aéreos para a zona” de Covelo de Paiva.
“Vila Meã, Casais do Monte, Nogueirinha, Gaviões, Covelo de Paiva… são tudo aldeias que estão na linha de fogo constantemente, porque estão na direção de Vila Nova de Paiva, de onde veio o incêndio”, apontou Paulo Almeida.