A Associação Moçambicana de Pediatras (Amope) pediu hoje, em Maputo, a formação de mais médicos especialistas, reconhecendo que os 76 profissionais existentes no país são insuficientes para cobrir todas as unidades sanitárias.
“Temos desafios em termos de recursos humanos, temos pouco pediatras, gostaríamos de ter mais profissionais ao longo do nosso país, porque a maior parte está concentrada ao nível do Hospital Central de Maputo [maior unidade sanitária do país]”, disse a presidente da Amope, Carla Wale.
A presidente da Amope falava aos jornalistas à margem do VI Congresso Moçambicano de Pediatria que decorre hoje e amanhã, na capital, visando refletir sobre a saúde integral da criança e adolescente.
“No mínimo devíamos ter cinco pediatras em cada hospital, já seria um sonho realizado (...). Temos poucos pediatras nas províncias e o desafio é formar recursos humanos que possam prestar melhor serviços à nossa população”, afirmou Carla Wale, acrescentando que o executivo moçambicano abriu uma pós-graduação em pediatria, visando formar mais profissionais especialistas.
A presidente da associação de pediatras, que também é médica no Hospital Central de Maputo, adiantou que as unidades sanitárias moçambicanas registam diariamente mais casos de crianças com doenças infecciosas, diarreicas e respiratórias, destacando a malária e meningites.
“Há mais casos entre crianças dos 3 aos 5 anos, onde há mais crianças que mais sofrem com malária, meningites e pneumonias, mas temos também as complicações do parto, como a asfixia neonatal”, detalhou Carla Wale.
Maputo acolhe hoje e amanhã o VI Congresso Moçambicano de Pediatria que junta especialistas da área de todo o país, cujo objetivo é debater matérias ligadas à saúde da criança e adolescentes.
A Lusa noticiou em 10 de julho que o número de crianças moçambicanas que morrem antes de completar 5 anos caiu para menos de metade em 20 anos, para 60 por 1.000 nascidos vivos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
Segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) 2022-2023 do INE, os dados referem-se ao período dos últimos cinco anos, tendo a taxa de mortalidade de menores de 5 anos diminuído de 201 para 60 por cada mil nascidos vivos, comparando o IDS de 1997 com o atual.
No inquérito, que abrangeu 14.250 agregados familiares, afirma-se que “o declínio mais notável se registou na mortalidade infanto-juvenil”, que diminui de 201 mortes por 1.000 nascidos vivos no período de cinco anos anteriores ao IDS de 1997, para 60 mortes nos cinco anos anteriores ao IDS de 2022–2023.
No estudo indica-se que, no período em referência, a taxa de mortalidade infanto-juvenil (entre o nascimento e o quinto aniversário) foi mais elevada na área rural (63 mortos) do que na urbana (50).
Segundo o inquérito, a província de Cabo Delgado (89) tem os índices mais elevados de mortalidade de menores até aos 5 anos, enquanto Tete (30) apresenta taxas baixas.
Entre as províncias com taxas de mortalidade mais altas seguem-se a de Gaza (75), Sofala (73), Nampula (72), Manica (71), Niassa (68) e a cidade de Maputo (59).