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Ucrânia: OMS alerta para inverno "mais desafiante do que nunca" devido a ataques russos

LUSA
12-09-2024 16:13h

A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu hoje um alerta contundente sobre uma potencial crise “mais desafiante do que nunca” na Ucrânia, devido à aproximação do terceiro inverno desde a invasão russa, com uma elevada destruição de infraestruturas críticas.

Os ataques aéreos russos contínuos danificaram severamente a infraestrutura de energia e saúde do país, deixando milhões vulneráveis, ​​à medida que as temperaturas descem, segundo as autoridades da agência das Nações Unidas.

“A Ucrânia está a aproximar-se do seu terceiro inverno entre uma guerra em grande escala, provavelmente mais desafiante agora. O foco renovado na saúde é mais crítico do que nunca”, avisou Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, aos jornalistas em Kiev.

Desde o início da invasão em grande escala da Rússia, em fevereiro de 2022, a OMS registou quase dois mil ataques a instalações de cuidados de saúde da Ucrânia, o que deixou um impacto grave no setor, em grande parte público.

“Os ataques direcionados prejudicaram a infraestrutura energética da Ucrânia. As falhas de energia frequentes já estão a ter um preço com sinais de perigo para o inverno”, observou Kluge após uma visita às regiões da linha da frente no leste da Ucrânia.

De acordo com responsável da OMS, esta situação pode “comprometer o armazenamento e a distribuição das vacinas, levando a um aumento das doenças preventivas”, além de uma possível contaminação do sistema de água devido a falhas de energia frequentes e sinais crescentes de resistência antimicrobiana por causa do uso indevido de antibióticos.

“Temos histórias de feridas que simplesmente não vão cicatrizar devido à resistência aos antibióticos”, apontou Kluge, advertindo para “consequências muito além da Ucrânia se os medicamentos se tornarem ineficazes”.

A OMS planeia instalar 15 unidades de aquecimento em hospitais em risco de ataques adicionais, bem como uma rede de clínicas de tratamento em áreas onde o acesso aos cuidados de saúde é difícil, como parte das iniciativas das autoridades locais e dos governos ocidentais.

A agência está também a apressar-se para fornecer geradores e outras opções de energia de reserva e ainda a apoiar reformas do sistema de saúde.

Um trabalho inicial sobre estes projetos, disse Kluge, é focado em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, no leste do país, que está sob ataque intenso ataque russo desde o começo da guerra.

No início desta semana, a OMS anunciou que organizou a doação de 23 ambulâncias para ajudar os serviços médicos, na maior parte em áreas junto da linha da frente.

Os impactos do conflito em instalações e profissionais de saúde prosseguem, de acordo com uma mensagem hoje divulgada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a dar conta de três mortos e dois feridos num ataque na região de Donetsk que atingiu veículos humanitárias da Cruz Vermelha.

“O mundo deve reagir firmemente”, apelou o líder ucraniano, defendendo que “os países e as organizações internacionais não devem permanecer indiferentes” e podem “obrigar a Rússia a parar este terror e forçar Moscovo a procurar a paz”.

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