Organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram hoje a detenção de uma ‘bloguista’ chinesa, libertada em maio depois de quatro anos de prisão, por ter documentado os primeiros dias da pandemia de covid-19 na cidade de Wuhan.
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) manifestou-se “alarmada”, numa mensagem publicada na rede social X, com a notícia da detenção de Zhang Zhan “quando se encontrava de visita à sua cidade natal”.
A bloguista terá sido levada para Xangai, “onde tem estado sob intensa vigilância desde a sua libertação da prisão em maio”, refere a mensagem, sublinhando que há dois dias que não se sabe nada sobre ela.
Segundo a ONG China Human Rights Defenders (CHRD), a bloguista foi detida quando tentava deslocar-se à província de Gansu para “resgatar” um jovem ativista recentemente detido.
Zhang viajou para Wuhan em fevereiro de 2020 e, durante três meses, analisou a resposta das autoridades ao surto do coronavírus, divulgando informações nas redes sociais, mostrando imagens de crematórios e hospitais cheios.
A ‘bloguista’, que chegou a fazer greve de fome durante a sua detenção, foi detida em maio de 2020 pela polícia e transferida para Xangai, onde acabou por ser condenada, em dezembro, a quatro anos de prisão por “provocar discussões e problemas”.
O confinamento de Wuhan no final de 2019 marcou o início de uma série de restrições que acabou por se espalhar por todo o mundo.
As autoridades chinesas detiveram numerosos ativistas que tentaram relatar o que estava a acontecer na “zona zero” desde o início da pandemia em Wuhan.