A Venezuela registou um novo apagão elétrico que deixou milhões às escuras em 21 das 24 regiões, incluindo a capital e fez cair as comunicações telefónicas e a Internet em 81% do país.
O apagão, que se fez registou pelas 04:50 horas de sexta-feira (09:50 horas em Lisboa), afetou o distrito de Caracas e os estados de Anzoátegui, Apure, Arágua, Barinas, Bolívar, Carabobo, Cojedes, Delta Amacuro, Falcon, Guárico, Lara, Mérida, Miranda, Monágas, Nueva Esparta, Portuguesa, Táchira, Trujillo, Yaracuy e Zúlia.
Várias regiões do país continuavam parcialmente às escuras, 15 horas depois do início do apagão, com dezenas de pessoas a saírem às ruas de Caracas, para tentar obter sinal nos telemóveis e comunicar com familiares, mas com falhas a afetar inclusive o serviço de envio das tradicionais mensagens de texto (SMS).
Alguma melhoria na intensidade do sinal levou várias zonas da autoestrada Francisco Fajardo, entre elas o Distribuidor Altamira, no leste de Caracas, a registar dezenas de viaturas paradas à berma, com as pessoas a tentarem enviar mensagens, mesmo com a intervenção de agentes da polícia.
Apesar das dificuldades para obter gasolina, vários motoristas deram voltas pela cidade tentando conseguir sinal de Wifi junto de estabelecimentos comerciais que funcionam com sistemas alternativos de geração de energia.
Alguns utilizadores tentaram, sem sucesso, aceder a redes sociais como a X (antigo Twitter) e a várias páginas web cujo acesso está bloqueado no país.
Em Los Palos Grandes, no leste de Caracas, populares colocaram geradores para ajudar a população a carregar os telemóveis.
Segundo vários comerciantes portugueses, o apagão impossibilitou o pagamento através de leitores de cartões de crédito e de débito, e inclusive os pagamentos móveis, obrigando a fazerem as vendas apenas em dinheiro.
Alguns, como José Freitas, proprietário de um pequeno café no leste de Caracas, foram obrigados a encerrar as portas pouco depois do meio-dia, dados os constrangimentos para receber pagamentos, as dificuldades para preparar alguns produtos e a falta de serviço de metropolitano que dificultou a movimentação dos empregados.
Foram frequentes as queixas de que a falta de eletricidade impediu a distribuição de água, um produto procurado por muitos venezuelanos que passavam com garrafões nas ruas.
Algumas farmácias funcionaram em horário normal, com o recurso a geradores, mas condicionando a venda a dinheiro. No interior do país, várias clínicas e hospitais sentiram dificuldades em operar os geradores de energia, segundo rádios locais.
De acordo com a Unión Rádio, em Barquisimeto, no centro do país, vários pacientes da unidade de diálise local não foram atendidos.
Segundo a Câmara Venezuelana de Centros Comerciais, alguns tiveram que encerrar as portas uma vez que os geradores só estavam preparados para garantir até oito horas de serviço ininterrompido.
Em Chacao e Baruta, no leste da capital, as autoridades locais colocaram polícias a fazer sinalização nos semáforos para permitir a circulação de veículos.
Pelas 19:00 horas de sexta-feira (meia-noite de hoje em Lisboa), os aeroportos do país estavam a funcionar com normalidade, depois de, durante a manhã, o apagão ter obrigado várias companhias aéreas a realizar o check-in dos passageiros de maneira manual.
Uma hora mais tarde, várias localidades de Caracas continuavam às escuras, entre elas Petare, o bairro pobre mais populoso da América Latina, e Sabana Grande, onde funciona o escritório da agência Lusa, que, apesar de ter um sistema alternativo de geração de energia, continuava sem ligação à Internet.