A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou hoje o Governo de querer resolver os problemas de má gestão na saúde "com autoritarismo" e defendeu que a ministra da Saúde quer “impor uma lei de ferro”.
“Há governantes que acham, e esse parece ser o tique deste Governo, que com autoritarismo se resolvem problemas de competência, má gestão e problemas políticos”, afirmou a coordenadora do BE durante uma visita à Feira do Livro do Porto.
Questionada sobre o despacho da Unidade Local de Saúde de Santa Maria sobre processos por ofensas aos seus profissionais, Mariana Mortágua afirmou que a ministra da tutela “tem escolhido atacar os administradores, atacar os profissionais de saúde, atacar até os utentes e impor uma lei de ferro”.
“Não me parece que esta seja a forma de combater os problemas que hoje existem na saúde”, observou.
A coordenadora do BE considerou ainda que à semelhança do anterior Governo, o atual não consegue resolver o “drama sem fim” na saúde por não aceitar “que é preciso pagar aos profissionais de saúde do SNS [Sistema Nacional de Saúde] o valor justo pelo seu salário”.
“Este é o problema central do SNS. Enquanto não for admitido vamos infelizmente ver todos estes desastres que não são resolvidos com leis de ferro”, acrescentou.
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria vai instaurar processos judiciais a pessoas que ofendam os seus profissionais de saúde nas redes sociais, afirmando que o que está em causa são injúrias que ultrapassem a liberdade expressão.
“A medida agora anunciada tem como objetivo proteger os profissionais da ULS de Santa Maria e a própria instituição de ataques externos injuriosos, atentatórios das boas práticas e do bom-nome das suas equipas, publicados por terceiros nas redes sociais”, esclareceu quarta-feira a instituição, em resposta enviada à agência Lusa.
À Lusa, a ULS de Santa Maria explicou que “em causa estão publicações ofensivas, que excedem a simples crítica, totalmente à margem do que são os canais legítimos para apresentação de queixas por parte dos utentes, nomeadamente através do Gabinete do Cidadão”.
“Esta medida não incide sobre conteúdos que cada profissional, de forma individual, publica nas suas redes sociais”, salientou, indicando que a proposta partiu do Gabinete Jurídico, “tendo em conta publicações externas recentes atentatórias da honra de profissionais, logo também da própria instituição”.
A ULS de Santa Maria ressalvou que “espera não ter de utilizar este mecanismo jurídico contra terceiros”, realçando que “não hesitará em momento algum em defender o bom-nome e a integridade moral dos seus profissionais”.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde escusou-se a comentar o assunto.