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Principal sindicato de enfermeiros da Coreia do Sul cancela greve à última hora

Lusa
29-08-2024 10:23h

O principal sindicato de enfermeiros da Coreia do Sul cancelou à última hora uma greve por tempo indeterminado que iria começar hoje, num país afetado desde fevereiro por uma paralisação dos médicos estagiários.

O Sindicato dos Trabalhadores Médicos e de Saúde da Coreia (KHMU, na sigla em inglês), que representa 30 mil enfermeiros e assistentes de saúde, tinha convocado a greve para reivindicar melhores salários e condições de trabalho.

A decisão de recuar surgiu depois de o parlamento da Coreia do Sul ter aprovado na quarta-feira, graças a um acordo entre os dois principais partidos, uma lei que permitirá aos enfermeiros apoiar os médicos em determinados procedimentos e que também oferece ao sindicato maior proteção jurídica.

Na sequência da decisão, apenas três dos 62 hospitais onde o KHMU está representado decidiram continuar com a greve de hoje, com a maioria a considerar que a nova lei melhora a situação laboral dos enfermeiros.

No entanto, grande parte do setor médico protestou na quarta-feira contra a aprovação da nova lei de enfermagem no parlamento, argumentando que irá gerar confusão sobre as funções de cada profissional em determinados casos ou mesmo que irá permitir que profissionais de enfermagem criem clínicas sem a supervisão de médicos.

O cancelamento da greve representa um alívio para o sistema de saúde da Coreia do Sul, que desde fevereiro está a ser afetado por uma greve de cerca de 12 mil médicos estagiários, em protesto contra o plano do Governo de aumentar as quotas máximas de estudantes nas faculdades de Medicina face à escassez de pessoal de saúde no país.

Quase 70% (8.945) dos 13 mil médicos residentes da Coreia do Sul entregaram cartas de demissão numa centena de hospitais universitários a 20 de fevereiro, em protesto contra a reforma, que inclui o aumento do número anual de licenciados em Medicina em dois mil, dos atuais três mil para cinco mil.

O aumento proposto pelo Governo não será sequer suficiente para responder à crescente procura por cuidados de saúde fora da capital, disse em abril o Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, num país onde, devido à baixa taxa de natalidade, quase metade da população deverá ter mais de 65 anos em 2070.

Os médicos opõem-se à reforma, por considerarem que a admissão de mais estudantes vai diminuir o nível dos futuros médicos e que, consequentemente, a qualidade dos cuidados de saúde vai ser afetada.

A greve perturbou o funcionamento dos hospitais da Coreia do Sul, obrigando a cancelar tratamentos cruciais, como tratamentos de quimioterapia ou radioterapia para pacientes com cancro, e cirurgias.

O Governo da Coreia do Sul emitiu em 29 de fevereiro uma ordem de regresso ao trabalho e ameaçou suspender as licenças dos médicos estagiários em greve.

De acordo com a lei sul-coreana, os médicos, considerados trabalhadores essenciais, não podem fazer greve.

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