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Médio Oriente: ONU lamenta estar a ficar "sem espaços seguros" na Faixa de Gaza

Lusa
28-08-2024 08:20h

As últimas ordens de retirada do exército israelita para várias zonas da Faixa de Gaza estão a levar os trabalhadores da ONU a ficar sem “espaços seguros”, quando está prestes a iniciar a vacinação contra a poliomielite.

O subsecretário-geral da ONU para a Segurança e Proteção, Gilles Michaud, alertou para a situação, sublinhando o compromisso da organização para com o povo de Gaza, embora reconhecendo que algumas coisas estão fora do seu “controlo”.

“As ordens de evacuação em massa são as mais recentes de uma longa série de ameaças intoleráveis à ONU e aos trabalhadores humanitários”, afirmou em comunicado, citando como exemplo as evacuações do fim de semana em Deir el Ballah, que obrigaram 200 trabalhadores da ONU a abandonar os seus escritórios e casas em apenas ‘algumas horas’.

Michaud afirmou que as diretivas israelitas afetam “gravemente” a capacidade da ONU para continuar a prestar ajuda e recordou que cabe às partes em conflito garantir que este trabalho prossiga, como dita o direito internacional.

“As mulheres e os homens que arriscam as suas vidas para prestar ajuda humanitária precisam de um local de trabalho seguro e protegido”, afirmou.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) pediu hoje um cessar-fogo humanitário imediato de três dias na Faixa de Gaza, entre Israel e o grupo islamita Hamas, para permitir a vacinação da população perante a propagação da poliomielite.

“A rápida propagação da poliomielite ameaça todas as crianças de Gaza, já enfraquecidas pela deslocação, privação e má nutrição. Apelo a um cessar-fogo humanitário imediato de três dias para permitir a vacinação pela Organização Mundial de Saúde [OMS] e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância [UNICEF] - independentemente de negociações mais alargadas”, pediu Josep Borrell, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

A posição surge um dia depois de o Ministério da Saúde do Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, ter confirmado que mais de 1,2 milhões de vacinas contra a poliomielite chegaram ao enclave.

Também no domingo, a Autoridade Palestiniana indicou que chegou a Gaza o primeiro lote de vacinas e que se estava a trabalhar para fornecer mais 365 mil doses nos próximos dias, numa campanha para administrar duas doses da vacina a 640 mil crianças até aos 10 anos.

O caso de poliomielite detetado em 16 de agosto - o primeiro na Faixa de Gaza em 25 anos - já causou a paralisia de um bebé de 10 meses, não vacinado, cuja vida corre perigo, informou o secretário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini.

Em 19 de julho, a OMS confirmou a descoberta do poliovírus em amostras ambientais que recolheu em Gaza, o que levantou receios de um surto no enclave.

Além da poliomielite, existe uma elevada incidência de doenças infecciosas da pele, bem como de diarreia e um surto de mais de 40 mil casos de hepatite A, que se propagou especialmente em campos de deslocados sobrelotados.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

A partir de 07 de outubro, a violência também se intensificou na Cisjordânia, território palestiniano desde 1967 ocupado por Israel.

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