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MSFdenuncia “fracasso retumbante” da resposta humanitária internacional à crise no Sudão

Lusa
27-08-2024 13:28h

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje o “fracasso retumbante” da resposta humanitária à crise provocada pela guerra no Sudão, 500 dias após eclodir o conflito entre exército sudanês e Forças de Apoio Rápido (RSF).

Em comunicado, os Médicos Sem Fronteiras sublinham o “fracasso retumbante da resposta humanitária das organizações internacionais”, que “não conseguiram responder adequadamente às necessidades médicas”, exacerbadas pela crise de subnutrição infantil e por surtos de doenças como a cólera.

Segundo dados da ONU, 54% da população sudanesa luta para se alimentar adequadamente, naquela que é atualmente a pior crise de fome do mundo.

A este respeito, a organização indicou que cerca de 35.000 crianças com desnutrição aguda tiveram de ser assistidas no país.

O coordenador da MSF para o Darfur, Tuna Turkmen, afirmou: “Atualmente, as crianças estão a morrer de subnutrição em todo o Sudão. A ajuda de que necessitam quase não chega e, quando chega, é frequentemente bloqueada”.

As restrições humanitárias e os bloqueios impostos pelas partes em conflito impedem a organização de chegar às zonas afetadas pela guerra para prestar a ajuda necessária, e as catástrofes naturais estão agora a agravar o problema.

“Está a tornar-se cada vez mais difícil prestar os cuidados médicos de que os nossos doentes necessitam, incluindo os de emergência e cuidados maternos. No sul de Cartum, a MSF não tem conseguido fazer chegar medicamentos, médicos e pessoal há muitos meses”, disse a coordenadora da MSF no Sudão, Claire San Filippo.

Além disso, a MSF registou um aumento dos casos de malária em todo o país e surtos de cólera declarados em pelo menos três estados, ao mesmo tempo que o conflito deixou cerca de 80% das instalações de saúde inativas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A organização médica apela aos dois lados da guerra e aos países com influência no conflito para que “garantam a proteção dos civis, dos profissionais de saúde e das instalações médicas”.

A tudo isto junta-se a forte chuva na região, responsável pelo colapso de uma barragem no leste do país, que provocou a morte de pelo menos 60 pessoas.

A guerra no Sudão provocou a pior onda de deslocados do mundo e deixou, segundo a ONU, cerca de 18 mil mortos em um ano e quatro meses de guerra.

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