Israel afirmou hoje que “entre 95% e 98%” da população de Gaza está vacinada contra a poliomielite, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertar para o perigo de uma epidemia da doença, 25 anos após erradicada.
A informação foi divulgada pelo novo embaixador israelita na ONU, Danny Danon, que anunciou também uma nova campanha de vacinação de toda a população palestiniana em coordenação com a OMS e com a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), mas dela excluindo a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), a que maior implantação tem nos territórios palestinianos e com a qual Israel está em aceso conflito.
O diplomata israelita assegurou que o seu país está disposto a “cooperar com todos para aliviar a situação do povo palestiniano, que sofre a ocupação do [movimento islamita palestiniano] Hamas”, mas também advertiu de que não haverá um final para a guerra na Faixa de Gaza “até que o Hamas seja erradicado, o que já está a acontecer”, embora não tenha querido dizer quanto tempo mais poderá durar o conflito.
Esta foi a primeira comparência de Danon perante a comunicação social desde que apresentou as suas cartas credenciais ao secretário-geral da ONU, António Guterres, na segunda-feira, e protagonizou com ele uma tensa troca de palavras em frente das câmaras.
Danon aproveitou a sua primeira intervenção para voltar a atacar a ONU, que “infelizmente não se preocupa com as vítimas israelitas” e, apesar de dizer que acredita que é necessário trabalhar com a organização, insistiu que esta “tem de mudar”.
Desde o início da guerra de Israel na Faixa de Gaza, a 07 de outubro de 2023, o Governo israelita tem acusado a ONU e as suas agências, e especialmente o secretário-geral, de serem tendenciosos a favor do Hamas e contra Israel, e chegou mesmo a pedir a demissão de Guterres por ter declarado no Conselho de Segurança que os ataques terroristas de 07 de outubro “não surgiram do nada, mas de 56 anos de ocupação”.
Israel declarou nesse dia uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 111 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 321.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 40.265 mortos (quase 2% da população) e 93.144 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após mais de dez meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
O conflito causou também cerca de 1,9 milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas - “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.