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Moçambique/Ataques: Receio após confrontos deixam população sem apoio de saúde

LUSA
04-06-2024 11:42h

A população do posto de Mbau, no distrito moçambicano de Mocimboa da Praia, província de Cabo Delgado, denunciou hoje a falta de serviços básicos de saúde, porque os funcionários temem novos ataques após os recentes movimentos terroristas.

A suspensão dos serviços básicos, na comunidade de Limala e na sede do posto administrativo de Mabau, explicaram à Lusa fontes da população, resulta do receio dos profissionais de saúde que têm assistido as comunidades com brigadas móveis, em consequência dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e congéneres do Ruanda contra grupos terroristas, em 29 de maio.

“Os meus colegas recusam ir prestar apoio às comunidades de Limala e da sede do posto administrativo de Mbau. Recusam-se a ir para lá por medo de um possível ataque, uma vez que foi escândalo o que aconteceu no dia 29. Morreram muitos rebeldes”, disse à Lusa um profissional de saúde, a partir da sede distrital de Mocimboa da Praia.

Há mais de dois anos que o posto administrativo de Mbau é assistido pelas brigadas móveis, após um "forte ataque" de grupos de insurgentes que culminou com a destruição das infraestruturas da saúde.

“Estamos mal, a minha filha quase que morria (…) tivemos que arriscar até à estrada principal e apanhar boleia de um camião de carga até Mueda. E com o ataque do dia 29, a situação piorou”, lamentou uma mulher de 47 anos, mãe de cinco filhos, a partir de Mocimboa da Praia.

O ataque à comunidade de Limala e a sede do posto administrativo de Mbau, em Mocimboa da Praia, a mais de 300 quilómetros da cidade de Pemba, deixou dezenas de terroristas mortos, segundo fontes oficiais.

No próprio dia 29 de maio, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que “dezenas de terroristas” foram abatidos em confrontos com as forças governamentais em Mocímboa da Praia.

“A operação continua” e os terroristas “estão em debandada, estão em fuga”, avançou o chefe de Estado, reconhecendo que “são momentos difíceis para o povo” dos distritos assolados pela violência em Cabo Delgado.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, combatida desde 2021 com o apoio dos militares do Ruanda e dos países da África austral, esta última em processo de retirada do terreno desde abril, a concluir até julho próximo.

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