A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) anunciou hoje mais uma suspensão, por 30 dias, da greve convocada há quase um mês, após conversações com o Governo.
"Considerando os ganhos do processo negocial, a APSUSM vai continuar o diálogo com o Governo e monitorar, de forma conjunta, os consensos alcançados. Diante destes acordos, anunciamos a suspensão da greve por 30 dias, com efeitos a partir de quarta-feira", disse o presidente da associação, Anselmo Muchave, em conferência de imprensa, que contou com a presença do vice-ministro da Saúde, Ilesh Jani, sem espaço para perguntas de jornalistas.
Em causa está uma greve, que na segunda-feira foi prorrogada, iniciada há quase um mês pela APSUSM, que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos do Sistema Nacional de Saúde, exceto os médicos.
Segundo Anselmo Muchave, a suspensão resulta das conversações mantidas com o Governo e que resultaram no cumprimento de “alguns pontos de revindicações”, entre os quais a resolução das irregularidades no pagamento de subsídios, a compra de equipamentos médicos e o reenquadramento definitivo dos profissionais na tabela salarial única.
O presidente da associação acrescentou que foi formada uma equipa de verificação constituída por membros da APSUSM e do Governo para fiscalizar o cumprimento dos entendimentos.
Por sua vez, o vice-ministro da Saúde explicou que a suspensão da greve permitirá um diálogo aberto entre o Governo e a classe.
"O Governo sempre estará disponível para dialogar, no sentido de escutar ativamente as preocupações dos funcionários, mantendo um diálogo aberto com os mesmos para a solução dos problemas", afirmou Ilesh Jani.
Os profissionais de saúde moçambicanos tinham anunciado, na segunda-feira, a prorrogação da greve por 30 dias face à falta de consensos nas negociações, acusando o Governo de “intensificar as ameaças” à classe.
“Podemos provar a nossa desconfiança quanto à vontade do Governo de cumprir com os acordos com a APSUSM enquanto continua seviciando o profissional com transferências arbitrárias para locais mais distantes da área do trabalho atual”, disse, na altura, Sheila Chuquela, secretária-geral da APSUSM.
Mais de 50 mil profissionais de saúde aderiram à greve iniciada em 29 de abril, anunciou anteriormente a associação.
Entre outros aspetos, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da "falta de alimentação", bem como o equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso".