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Moçambique com menos casos de malária até março mas mais mortes

LUSA
24-04-2024 07:01h

Moçambique registou 3,1 milhões de casos de malária até março, menos 21% num ano, mas o número de óbitos provocados pela doença aumentou para 110, disse hoje o diretor do Programa Nacional do Controlo da Malária.

“No primeiro trimestre deste ano registámos um aumento de óbitos. Já registámos 110 óbitos nos hospitais, contra 102 óbitos no igual período do ano passado. Este aumento de óbitos, mais de 50% são das províncias de Cabo Delgado e Nampula”, afirmou Baltazar Candrinho, em entrevista à Lusa, antecipando o dia mundial da luta contra a doença, que se assinala anualmente a 25 de abril.

Acrescentou que só nos primeiros três meses deste ano foram registados cerca de 3,1 milhões de casos de malária, contra quatro milhões de 2022, o que representa uma redução em 21% em termos homólogos.

Ainda assim, segundo Baltazar Candrinho, o número de mortes por malária tende a reduzir-se em Moçambique, tendo sido registados 357 óbitos em 2023, contra 423 de 2022.

Contudo, o número de casos de doença aumentou, tendo sido registados 13 milhões casos em 2023, contra 12,4 milhões em 2022, um aumento em 17%, avançou o responsável.

Segundo Baltazar Candrinho, “a malária ainda continua a ser um problema importante de saúde pública” em Moçambique, acrescentando que o Governo continua a envidar esforços para travar a doença: “Uma das medidas [para travar a malária] foi a distribuição de redes mosquiteiras à escala nacional. Distribuímos quase 16 milhões de redes em campanha e quase dois milhões nas consultas pré-natal”.

Afirmou igualmente que “a tendência de mortalidade por malária em geral no país é de baixar”, devido ao esforço nacional que visa garantir a que as pessoas recebam “tratamento e garantimos que haja medicamento e testes” nas unidades sanitárias.

A Lusa noticiou este mês que Moçambique quer reduzir para metade, até 2026, a mortalidade hospitalar por malária e eliminar a transmissão local da doença até 2030 em 20 distritos do país, com o apoio do Fundo Global.

Em causa está um apoio a Moçambique daquela organização internacional da área da saúde, de 789,3 milhões de dólares (735,5 milhões de euros), através de quatro subvenções para programas de combate à malária, HIV/Sida e tuberculose, bem como para o reforço dos sistemas de saúde, 2024 a 2026, lançado em Maputo, em 10 de abril último.

Com a subvenção destinada à malária, de 190,3 milhões de dólares (177,3 milhões de euros) para intervenções previstas na gestão de casos e no controlo vetorial, pretende-se que “ajude a reduzir o peso da doença”, de 392 casos por 1.000 em 2022, para 294 casos por 1.000 em 2026, segundo informação do Ministério da Saúde.

Também pretende reduzir a mortalidade hospitalar por malária de 1,4 por 100 mil em 2021 para 0,77 por 100 mil em 2026, “eliminar a transmissão local da malária até 2030 em pelo menos 20 distritos identificados como de baixa transmissão”, e abordar a transmissão transfronteiriça da malária, “contribuindo para eliminação da malária” na região da África austral.

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