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Eleições: Pedro Nuno e Montenegro travam debate cerrado sobre educação, saúde e pensões

Lusa
19-02-2024 23:32h

O secretário-geral do PS e o presidente do PSD travaram hoje um debate cerrado sobre educação, saúde e pensões, com Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro a acusarem-se mutuamente sobre quem cortou nos rendimentos dos reformados.

Educação, saúde e política de pensões foram os temas da segunda parte do único frente-a-frente televisivo desta pré-campanha eleitoral entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, no Teatro do Capitólio, em Lisboa, que foi transmitido em simultâneo por RTP, SIC e TVI.

Na questão da educação, o secretário-geral do PS, tal como o presidente do PSD, reiterou a sua posição de recuperar a totalidade do tempo de serviço congelado aos professores. E sobre o problema da falta de docentes procurou responsabilizar o executivo de Pedro Passos Coelho, depois de Luís Montenegro ter elogiado esse período governativo.

Usando a ironia, comentou: “De 2011 a 2015 foi extraordinário, 28 mil professores foram embora, 28 mil professores”.

Luís Montenegro contrapôs que no início dos anos escolares, nessa altura, não havia como agora “100 mil alunos sem professor pelo menos a uma disciplina”.

“Sabe que hoje, no dia em que estamos a debater, há mais de 30 mil alunos que não têm professor a uma disciplina”, apontou, antes de dizer que o seu objetivo é recrutar 35 mil novos e avançar com um plano de recuperarão de aprendizagens e provas de aferição.

De acordo com o presidente do PSD, “25% dos alunos do ensino secundário estão a frequentar escolas privadas”, uma estimativa que levou o líder socialista a acusá-lo de fazer “discurso panfletário”.

“Parece que [Luís Montenegro] estudava muito, mas não deu para estudar tudo. O que temos nessa cifra de 25% é [10 a 11%] o ensino profissional, que obviamente não tem uma rede pública com dimensão “, argumentou.

No tema das pensões, houve constantes interrupções, com Pedro Nuno Santos a queixar-se de que não conseguia completar as suas intervenções.

Luís Montenegro procurou responsabilizar o Governo de Sócrates pelo congelamento das pensões e de ter assinado o memorando da troika que cortou as pensões. Acusou o atual executivo de António Costa de ter cortado mil milhões de euros no final de 2022, mas, admitiu que repôs a parte do aumento que estava em falta (em termos de cumprimento da fórmula legal de atualização) em abril de 2023.

“Não há nenhum pensionista que tenha perdido pensão, nenhum, um único, um cêntimo Custa-me que insista na mentira”, acusou o secretário-geral do PS – palavras que motivaram um protesto de Luís Montenegro.

O presidente do PSD considerou verdade que, entre 2011 e 2015, “foi pedido um esforço adicional aos pensionistas, em particular àqueles que tinham mais altos rendimentos, o que criou uma ideia de que se tomou essa medida por opção”.

“Garanto que todos os anos vai haver uma atualização das pensões de acordo com o critério legal. Nunca farei aquilo que fez o doutor António Costa e o doutor Pedro Nuno Santos”, declarou.

Pedro Nuno Santos rejeitou as acusações do líder social-democrata sobre cortes nas pensões durante os executivos de António Costa e reagiu: “Não há nenhum pensionista em casa que se consiga rever nas suas palavras”.

“Os pensionistas sabem que durante os últimos anos as pensões subiram, que a lei de atualização das pensões foi sempre respeitada e que houve além disso seis aumentos extraordinários das pensões ao longo destes últimos oito anos. Os pensionistas sabem que quando nós lhes dizemos que vamos aumentar as pensões nós estamos apenas a dizer que vamos fazer aquilo que sempre fizemos. Não pode dizer o mesmo, Luís Montenegro”, contra-atacou.

Sobre saúde, o secretário-geral do PS admitiu problemas, mas tentou colar o presidente do PSD a uma tentativa de desnatar o SNS para reforçar o setor privado. Pelo contrário, o presidente do PSD apontou que foi nos governos do PS que foram inaugurados mais 32 hospitais do privado “e zero” do setor público.

Para ilustrar a situação do SNS, que Pedro Nuno Santos reconheceu estar sob pressão, Luís Montenegro referiu que “3,3 milhões de portugueses têm seguro de saúde” e que cerca de um milhão estão no subsistema da ADSE.

“Por preconceito ideológico, o PS quer diabolizar o setor privado”, afirmou, numa parte do debate em que defendeu os resultados das parcerias público privadas (PPP). “Não tenho dogmas, mas recuso a solução da AD que é fazer definhar o SNS”, ripostou Pedro Nuno Santos.

Na parte final do debate, em que cada um teve um minuto de intervenção livre de interrupções por parte do adversário, Luís Montenegro acentuou que a escolha nas eleições legislativas de 10 de março é entre a AD (Aliança Democrática) ou a continuação do PS no Governo com Pedro Nuno Santos.

Acusou Pedro Nuno Santos, enquanto ministro das Infraestruturas, de mostrar falta de preparação e irresponsabilidade quando tentou empurrar uma solução para o novo aeroporto de Lisboa e de se intrometer na gestão da TAP. Uma história que, segundo o presidente do PSD, terminou com a demissão de Pedro Nuno Santos do Governo na sequência do caso da indemnização paga à então administradora Alexandra Reis, de meio milhão de euros, “que [Pedro Nuno] primeiro disse não se lembrar”.

Pedro Nuno Santos optou no seu minuto final por também dramatizar o que está em causa nas eleições de 10 de março, evocando a aproximação da data dos 50 anos da revolução de 25 de Abril de 1974 e procurando realçar as “conquistas” que foram feitas neste meio século em democracia.

“Temos de defender as conquistas no SNS, num país com jovens mais qualificados. O PS tem resultados para apresentar, mas queremos avançar em conjunto”, disse, numa crítica ao alegado “individualismo” ideológico das forças à direita dos socialistas.

Pedro Nuno Santos falou cerca de 38 minutos neste debate, enquanto Luís Montenegro cerca de um minuto mais e meio do que o líder socialista. O frente a frente teve a duração perto de uma hora e 20 minutos.

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