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Israel: Médicos Sem Fronteiras condenam evacuação de hospital de Khan Yunis

Lusa
15-02-2024 13:29h

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) condenou hoje a evacuação do hospital Nasser, na Faixa de Gaza, decretada por Israel, sublinhando que milhares de deslocados se abrigavam no complexo na cidade de Khan Yunis.

De acordo com as informações da MSF, nos últimos dias, pelo menos cinco pessoas foram mortas e dez ficaram feridas depois de terem sido efetuados disparos tiros contra o hospital.

A organização refere que na passada terça-feira, uma escavadora militar israelita destruiu o portão norte do hospital.

Na altura, o pessoal médico e os doentes foram informados de que podiam permanecer no hospital, com um limite de um vigilante por doente.

"A equipa dos MSF ainda se encontra no edifício e continua a tratar os doentes em condições quase impossíveis", indica a organização em comunicado.

O documento frisa que após semanas de combates intensos perto do hospital Nasser, a equipa médica, os pacientes e as pessoas deslocadas viram-se encurralados no interior do complexo com "muito pouco acesso" a bens essenciais.

Muitas pessoas que foram feridas pelos intensos bombardeamentos em Khan Yunis não conseguiram chegar ao hospital para receber cuidados de emergência.

"As pessoas foram forçadas a uma situação impossível: ficar no hospital Nasser contra as ordens dos militares de Israel (...) ou sair do complexo para um cenário apocalíptico onde bombardeamentos e ordens de evacuação são parte da vida diária", disse Lisa Macheiner, coordenadora dos MSF em Gaza.

"Os hospitais deveriam ser considerados lugares seguros e nem deveriam ser evacuados", criticou a mesma responsável.

Segundo os MSF, a maioria dos deslocados que se encontravam no hospital Nasser abandonou o local e "milhares de habitantes de Gaza encontram-se mais uma vez" sem abrigo.

No sul do território, as forças de Israel têm efetuado ataques aéreos e anunciaram uma extensa ofensiva terrestre na cidade de Rafah, no sul, que alberga atualmente 1,5 milhões de pessoas.

A organização defende que as partes em conflito devem sempre respeitar e permitir o acesso sem obstáculos às instalações médicas e proteger o pessoal médico e os pacientes.

Assim, os MSF reiteram o apelo para um cessar-fogo imediato "que poupe a vida de civis, permita o acesso adequado e vital a alimentos e outros produtos básicos, e restabeleça o sistema de saúde".

Desde o início da guerra em Gaza, em outubro do ano passado, as equipas dos MSF e os doentes foram obrigados a retirar-se de nove instalações de cuidados de saúde.

"O pessoal médico e os doentes foram detidos, maltratados e mortos. A prestação de cuidados de saúde e o aumento da assistência vital estão a ser impossibilitados pela intensidade dos bombardeamentos de Israel, bem como pelos intensos combates", acusa ainda a organização.

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