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Turquia e Irão denunciam “crimes” de Israel em Gaza pedem cessar-fogo “urgente e duradouro”

Lusa
24-01-2024 19:09h

O Presidente da Turquia assinalou hoje no decurso da visita a Ancara do homólogo iraniano Ebrahim Raisi que os dois países colaboram para deter os “inumanos ataques de Israel em Gaza” e garantir um “cessar-fogo urgente e duradouro”.

“Prosseguimos os nossos esforços para garantir um futuro para a Palestina. Os ataques de Israel devem terminar, é necessário quanto antes um cessar-fogo urgente, duradouro e permanente”, disse o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, no decurso da conferência conjunta com Raisi.

Por sua vez, o Presidente iraniano insistiu na necessidade de os países muçulmanos se “distanciarem” de Israel para forçá-lo a terminar o que qualificou de “crimes e atrocidades”.

“O corte dos laços económicos e das relações políticas será eficaz para forçar o regime sionista a terminar com estas atrocidades e crimes”, disse Raisi ao lado de Erdogan.

Raisi afirmou que muitos países que dizem proteger os direitos humanos se mantiveram em silêncio, e apelou a Ancara para se juntar a Teerão para terminar com o conflito na Faixa de Gaza.

“A nossa cooperação com a Turquia e com outros países e povos livres do mundo poderá seguramente deter os crimes do regime sionista [Israel] em Gaza”, assegurou.

O líder iraniano afirmou que a situação na Palestina “é o primeiro problema do mundo islâmico e da humanidade”, frisou que os Estados Unidos são cúmplices diretos destes crimes e que as Nações Unidas perderam eficácia ao serem incapazes de os impedir.

Nesse sentido, apelou à criação de um nova ordem mundial “mais justa”.

A República Islâmica do Irão e Israel são inimigos acérrimos e mantêm uma guerra encoberta com ciberataques, assassinatos e sabotagens.

Por sua vez, a Turquia tem sido historicamente um aliado de Israel, e apesar da deterioração das relações desde a chegada de Erdogan ao poder em 2002 – com dois períodos de rutura na última década –, os dois países restabeleceram relações diplomáticas plenas em 2023.

Erdogan tem considerado em numerosas ocasiões que os ataques de Israel a Gaza constituem crimes de guerra, e quando o balanço desde 07 de outubro aponta para mais de 25.000 mortos, 65.000 feridos, perto de dois milhões de desalojados e um risco de fome generalizada.

Israel retalia a partir de 07 de outubro, quando o movimento islamita palestiniano efetuou um ataque inédito em território israelita que provocou cerca de 1.200 mortos, na maioria civis.

Erdogan e Raisi assinaram perante as câmaras dez acordos, que segundo o chefe de Estado turco abrangem “desde a energia ao comércio e educação”.

Os dois presidentes indicaram que o objetivo consiste em reforçar o comércio bilateral turco-iraniano, gravemente afetado pela pandemia do covid-19 e até aos 30 mil milhões de dólares anuais (27,5 mil milhões de euros).

Segundo a agência noticiosa Anadolu, Ancara e Teerão também preveem aumentar de três para cinco o número de postos fronteiriços para impulsionar o comércio.

A visita de Raisi à Turquia foi anunciada inicialmente para finais de novembro de 2023 e após um primeiro adiamento estava prevista para 04 de janeiro, mas foi cancelada na véspera após o atentado islamista na cidade de Kerman que provocou 94 mortos.

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