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Pelo menos 23 mortos e 30 feridos em onda de desinformação sobre cólera em Moçambique

Lusa
17-01-2024 18:45h

Pelo menos 23 pessoas morreram e outras 30 ficaram feridas devido a uma onda de desinformação sobre a cólera em Moçambique, disse hoje o comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael.

“A polícia foi chamada a intervir em 27 casos violentos relacionados à cólera”, nos quais os líderes comunitários foram as principais vítimas, disse o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma conferência de imprensa em Ressano Garcia, na província de Maputo.

Além dos mortos e feridos, 91 infraestruturas foram vandalizadas, sobretudo do Governo e das autoridades comunitárias, referiu o responsável.

Segundo o comandante-geral, alguns agentes da polícia moçambicana acabaram também sendo vítimas durante as escaramuças, quando tentavam garantir a ordem e segurança pública.

Apesar do ocorrido, “continuamos firmes a garantir a ordem e segurança para que o país conheça paz, harmonia, sossego, o bem-estar e sobretudo concórdia com os próprios moçambicanos”, referiu o comandante-geral.

Os líderes comunitários e técnicos de saúde, na sua maioria, têm sido mortos e feridos por populares sob alegações de estarem a levar a doença às comunidades.

Entre maio e novembro, pelo menos 16 pessoas foram detidas na província de Sofala, no centro de Moçambique, por passarem informações erróneas sobre a cólera, indicaram as autoridades.

A cólera é uma doença, tratável, que provoca fortes diarreias e que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.

A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.

Em maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.

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