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Sudão: Milhões de pessoas necessitam urgentemente de ajuda - OMS

Lusa
22-11-2023 17:41h

A delegação regional do Mediterrâneo Oriental da Organização Mundial de Saúde (OMS) reiterou hoje que o Sudão vive, desde a guerra que eclodiu em abril, uma "situação sanitária e humanitária catastróficas" e "milhões de pessoas necessitam urgentemente de ajuda".

"Agora que as atenções do mundo se voltaram para a terrível situação em Gaza, devemos recordar que o povo sudanês continua a enfrentar um sofrimento a uma escala também catastrófica", declarou a delegação da OMS num comunicado.

Cerca de 25 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária e 11 milhões precisam de cuidados de saúde urgentes, referiu a OMS.

"Mais de 20 milhões de pessoas caíram agora em níveis elevados de insegurança alimentar aguda e uma em cada sete crianças com menos de cinco anos no Sudão está gravemente subnutrida", sublinhou a organização.

A OMS acrescentou que "cerca de 4,2 milhões de mulheres, raparigas e populações vulneráveis enfrentam o risco de violência baseada no género, com acesso limitado ou inexistente a serviços de proteção e apoio".

A guerra, que eclodiu a 15 de abril entre o exército regular e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), "continua sem tréguas em áreas-chave do país, especialmente em Darfur, no Cordofão e em Cartum", no oeste e no centro do país, respetivamente.

"Os mais recentes números oficiais que recebemos a 03 de novembro apontam para 32.679 feridos e, com tantas zonas de acesso extremamente difícil devido à insegurança, é provável que os números reais sejam muito mais elevados", alertou a OMS.

Segundo as estimativas, 70% dos hospitais das regiões afetadas pelo conflito não estão a funcionar e os restantes estão sobrecarregados pelo fluxo de pessoas que procuram cuidados.

"Com as crianças a representarem cerca de metade dos 6,3 milhões de pessoas forçadas a fugir da violência, o Sudão é agora o país com a maior crise de deslocação de crianças do mundo", acrescentou.

A OMS declarou estar "gravemente preocupada", em particular com a situação em Darfur, uma vasta região composta por cinco estados, quatro dos quais controlados pelas RSF.

O comunicado refere que cerca de meio milhão de pessoas fugiram de Darfur para o vizinho Chade, muitas das quais necessitam de cuidados médicos imediatos, incluindo cuidados traumáticos.

Por outro lado, as crescentes necessidades humanitárias foram ainda agravadas por um surto de cólera que se está a propagar rapidamente.

"Desde a declaração formal do surto em Gedaref (leste), a 26 de setembro, sete estados do Sudão notificaram casos suspeitos e estima-se que mais de três milhões de pessoas estejam em risco", alertou.

"A OMS já enviou 3,2 toneladas de kits de cólera, incluindo medicamentos e equipamentos de laboratório, e está a apoiar totalmente 10 centros de tratamento de cólera nos estados de Gedaref, Al Jazira e Cartum", onde disse estar a coordenar com o Fundo das Nações Unidas para a Infância e as autoridades locais o lançamento de uma campanha de vacinação.

A organização advertiu que os seus esforços para controlar a doença, ou para apoiar os centros médicos e ajudar as pessoas que necessitam de alimentos ou de cuidados médicos, continuam a ser dificultados pela "insegurança" e por "obstáculos operacionais".

"O povo do Sudão precisa da solidariedade e da compaixão do mundo como nunca antes. Cada atraso custa vidas. O mundo não pode esquecer o Sudão. O mundo não pode abandonar o Sudão", concluiu.

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