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Sindicato acusa Ministério da Saúde de usar enfermeiros para fazer campanha eleitoral

Lusa
15-11-2023 18:56h

O Sindicato dos Enfermeiros (SE) criticou hoje o Ministério da Saúde (MS) por estar a usar os enfermeiros para fazer campanha eleitoral, observando que “não está a negociar nada com ninguém” ao fazer “reuniões estéreis”.

“Depois de meses sem responder aos apelos do Sindicato dos Enfermeiros, somos confrontados com uma notícia de uma suposta reunião, onde são anunciadas medidas irrealistas e que, na prática, apenas servem para colocar enfermeiros contra enfermeiros”, adiantou o presidente do SE, Pedro Costa, citado num comunicado.

Os comentários do SE surgem depois de o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) se ter reunido na terça-feira com a tutela e determinado uma concentração junto ao Ministério da Saúde, em 21 de novembro, às 11:00.

“Quando, às escondidas, procura fazer reuniões estéreis com uma qualquer estrutura sindical, o Ministério da Saúde não está a negociar nada com ninguém”, sublinhou Pedro Costa.

O dirigente sindical recordou que a última reunião de negociações com o ministério ocorreu no início de setembro, “quando foi apresentado, sem qualquer tipo de negociação, o novo modelo de organização das USF [Unidades de Saúde Familiar]”.

Desde setembro, recordou, não houve qualquer resposta aos ofícios do SE a solicitar a retoma das negociações com a intenção de resolver a contagem de pontos em sede de avaliação do desempenho dos trabalhadores enfermeiros, à data da transição para as carreiras de enfermagem e especial de enfermagem.

Para Pedro Costa, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e a sua equipa “estão apenas a vender ilusões, com promessas de medidas que sabe que não poderá aplicar até às eleições, talvez já a querer fazer campanha eleitoral, mas, sobretudo, a procurar dividir os enfermeiros, colocando-os uns contra os outros para, no fim, recolher os louros de medidas vazias de conteúdo”.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro.

O sindicalista adiantou ainda que o SE “sempre esteve disponível para dialogar e para negociar medidas concretas”, lembrando que “urge resolver” a conclusão do Acordo Coletivo de Trabalho, suspensa desde 2017.

“Há centenas de irregularidades que afetam milhares de colegas que, por isso, estão impedidos de progredir na carreira e recuperar parte do tempo perdido”, salientou, indicando ser urgente “valorizar a profissão através, por exemplo, de mecanismos de reconhecimento do risco e penosidade da profissão”.

Pedro Costa acusou o MS de criar “uma novela cómica ao fazer novamente promessas que não passando disso mesmo, mas só para alguns”.

“É mais uma fábula, ilusões que apenas enganam os mais incautos. (…) É importante que os enfermeiros se mantenham coesos, a lutar todos juntos pela mesma causa (…) Que não se deixem iludir por promessas vazias de conteúdo e limitadas na sua execução”, desafiou.

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