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Sistema de saúde atingiu “ponto sem retorno” em Gaza - Cruz Vermelha

Lusa
10-11-2023 18:29h

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) exigiu hoje que a destruição de hospitais na Faixa de Gaza termine, alertando que o sistema de saúde atingiu um “ponto sem retorno”, o que ameaça milhares de vidas.

"A destruição dos hospitais em Gaza está a tornar-se intolerável e tem de parar. As vidas de milhares de civis, pacientes e pessoal médico estão em perigo", afirmou William Schomburg, chefe da subdelegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Gaza, em comunicado.

O CICV apelou ao respeito e à proteção das instalações médicas, dos pacientes e dos profissionais de saúde em Gaza, de forma urgente.

“Sobrecarregado, com falta de abastecimentos e cada vez mais perigoso, o sistema de saúde em Gaza atingiu um ponto sem retorno, colocando a vida de milhares de feridos, doentes e deslocados em perigo”, afirmou a o comité, acrescentando que os hospitais e as ambulâncias estão gravemente afetados.

Nos últimos dias, as equipas de distribuição de bens essenciais a instalações médicas em Gaza “testemunharam imagens horríveis que foram agravadas pela intensificação das hostilidades”, afirmou o CICV.

Desde o início da guerra, a ONU e a Organização Mundial de Saúde (OMS) têm denunciado os ataques aéreos e de artilharia israelitas contra hospitais e ambulâncias.

Israel acusa o Hamas de utilizar os hospitais como refúgio para os seus combatentes, efetuar ataques e esconder túneis, o que o movimento islamita nega.

O CICV salienta que os hospitais pediátricos não foram poupados pela violência, nomeadamente o hospital Nasser, que foi fortemente danificado pelas hostilidades, e o hospital Rantisi, que deixou de estar operacional.

O hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, "já sobrecarregado de doentes, acolhe agora milhares de famílias deslocadas que perderam as suas casas durante o último mês, em consequência do conflito", afirma o CICV.

A mesma fonte recorda que qualquer operação militar nas imediações de um hospital deve ter em conta a presença de civis, que estão protegidos pelo direito internacional humanitário.

"As regras da guerra são claras. Os hospitais são instalações especialmente protegidas pelo direito internacional humanitário", conclui o CICV.

Israel e o Hamas, que controla Gaza, entraram hoje no 35.º dia de guerra, com as forças israelitas a penetrar cada vez mais na cidade de Gaza e na zona norte do enclave, com milhares de civis palestinianos a continuarem a ser forçados a deslocar-se para sul.

Mais de 1.400 pessoas, maioritariamente civis, foram mortas em Israel desde o início da guerra desencadeada por um ataque violento sem precedentes do Hamas - movimento islamita considerado terrorista pela União Europeia e EUA - em solo israelita em 07 de outubro, segundo as autoridades israelitas.

O Hamas elevou hoje para mais de 11 mil o número de mortos causados pelos bombardeamentos israelitas em Gaza, além de perto de 27.500 feridos.

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