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Enfermeiros e administração pública juntos no Porto para exigir melhores salários

Lusa
27-10-2023 14:56h

Trabalhadores da administração pública e enfermeiros concentraram-se hoje em frente ao Hospital de São João, no Porto, para reivindicar aumentos salariais e avisar o Governo que manterão as formas de luta até que este vá ao encontro das revindicações.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Sindicato da Função Pública do Norte, Orlando Gonçalves, disse que a adesão à greve nacional está a rondar, nos serviços a Norte do país, os 90% e enumerou as áreas mais afetadas.

“De forma geral há serviços encerrados na Autoridade Tributária, Segurança Social, saúde e educação”, resumiu.

“Se o Governo não atender às reivindicações dos trabalhadores, não quiser ouvir os trabalhadores e o povo e não alterar nada do que está no Orçamento do Estado, iremos continuar a luta. Se com greves ou manifestações será avaliado”, acrescentou Orlando Gonçalves, recordando que para 11 de novembro estão marcadas manifestações da CGTP em Lisboa e no Porto.

Orlando Gonçalves garantiu que os trabalhadores “não vão desistir nunca enquanto não houver uma resposta que satisfaça e que seja minimamente justa”, apontando que “os aumentos salariais atualmente anunciados ficam muito aquém da inflação”.

“E as carreiras que estão a ser negociadas, não têm resultados ou estão a ficar pior do que já estão”, referiu, dando o exemplo, na área da saúde, dos técnicos auxiliares de saúde, que “há um ano negoceiam a carreira [com a tutela] e receberam uma proposta miserável”.

Segundo Orlando Gonçalves, “foi prometido no início deste ano que seis carreiras iam ser revistas e nenhuma foi”.

“O ano está a terminar. O Governo quer servir-se da avaliação de desempenho para travar as promoções e aumentar o aumento da massa salarial. Neste momento a proposta que temos melhora um bocadinho porque as progressões passam a ser de oito em oito pontos e não de dez em dez, mas faz com os trabalhadores da administração pública desçam na sua classificação final”, concluiu.

Ao lado do grupo do Sindicato da Função Pública do Norte, esteve também representado o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) com a dirigente Fátima Monteiro a explicar que esta adesão à greve da função pública se deve ao facto de também estes profissionais “se sentirem mais pobres” e “injustiçados com propostas de aumentos que são insuficientes”.

“Perdemos 20% do poder de compra e os aumentos que nos dão são de 3%, portanto o SEP e os enfermeiros não podiam deixar de estar nesta luta conjunta da administração pública”, disse.

Fátima Monteiro recordou que o SEP marcou já uma nova greve para dia 10 de novembro, mas procurou vincar que “os enfermeiros não vão de livre vontade para a greve, quem os empurra é o Governo que teima em desvalorizar a profissão”.

A dirigente criticou, também, alguns conselhos de administração por “não se preocuparem em ter os rácios adequados para o seu dia-a-dia e nos dias de greve condicionem o direito à greve".

"Como aconteceu neste hospital [referindo-se ao Hospital de São João, no Porto] Gaia e IPO que obrigaram todos os enfermeiros a prestar serviços mínimos como se fosse um dia normal de trabalho”, afirmou.

Quanto ao cumprimento de horas extraordinárias, Fátima Monteiro disse que há serviços em que cada enfermeiro tem 300 horas a mais do que devia fazer e deu o exemplo do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

“Uma equipa de 100 enfermeiros tem neste momento 11.000 horas a mais”, referiu.

Questionada sobre a adesão à greve de hoje, Fátima Monteiro apontou que esta ronda os 70% e contou que, por exemplo no Hospital de São João, “só se estão a fazer as cirurgias urgentes”.

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (da CGTP) anunciou em 09 de outubro a greve nacional de trabalhadores que hoje decorre, considerando que a proposta do Governo de aumentos salariais para 2024 "é miserabilista".

Para o próximo ano está previsto um aumento salarial mínimo de 52 euros ou de 3% para os trabalhadores da administração pública.

A Frente Comum reivindica um aumento dos salários em pelo menos 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, para fazer face ao "brutal aumento do custo de vida".

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