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Moçambique com situação ainda "grave" mas melhor no Índice Global da Fome 2023

Lusa
26-10-2023 17:28h

Moçambique melhorou a sua posição no Índice Global da Fome 2023, apresentado hoje em Lisboa pela associação Ajuda em Ação, mas tem ainda uma classificação considerada "grave", influenciada pelos ataques armados no norte do país.

Apesar das dificuldades que enfrenta, e da classificação ser ainda bastante elevada, Moçambique apresentou melhorias face aos resultados anteriores, de 2015, quando tinha 37 pontos na escala do índice e estava identificado como "alarmante", baixando agora para 30,5 pontos.

O conflito armado que afeta o norte do país, desde 2017, é um dos principais fatores que contribuem para a crise alimentar, explicou hoje o diretor da Ajuda em Ação em Moçambique, Jesús Perez, durante a sessão de apresentação do relatório do Índice Global da Fome 2023.

A organização não-governamental (ONG) está presente em Cabo Delgado, a região afetada pelo conflito armado nos últimos anos, e zona capital do país, Maputo, explicou o diretor, referindo ainda que as duas localidades representam realidades muito díspares.

A Ajuda em Ação já ajudou cerca de 62 mil pessoas em Moçambique, e Cabo Delgado representa 80% das operações da ONG, numa população que caracterizam como sendo predominantemente rural.

"Cerca de 48,8% da população de Cabo Delgado vive na pobreza, e é uma zona rural com atividades de subsistência", declarou Jesús Perez.

Na mesma região, Jesús Perez referiu ainda que "53% das crianças com menos de 5 anos têm atrasos no crescimento", e que "a maioria da população tem menos de 29 anos".

A violência armada piora a segurança alimentar, frisou o diretor da ONG no local.

A associação tenta ajudar os jovens a conseguirem emprego para que, consequentemente, tenham meios para garantir os alimentos.

"Se as pessoas não têm dinheiro, não compram, vivem do que produzem", frisou o diretor.

Todavia, o diretor referiu que existe uma baixa permanência do setor empresarial na região, o que dificulta o acesso ao mercado de trabalho.

A falta de alimentos deve-se a vários fatores, que Jesús Perez referiu: por um lado os problemas climáticos como as secas, por outro as fracas infraestruturas que não garantem o acesso aos produtos, mas existe ainda o fator cultural de, por vezes, não se querer consumir o que há disponível.

Para isso, a associação investe também em sessões de sensibilidade alimentar para a integração de certos produtos na gastronomia local.

Neste momento, os elementos da ONG estão também a ajudar a desenvolver sistemas de rega através da energia solar e a ajudar os agricultores a conseguirem adquirir créditos, com o mínimo de juros possível, sendo que estes juros são regulados pelo Banco de Moçambique.

 

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