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Israel: Médicos sem Fronteiras alertam para "números massivos" de mortos em Gaza

Lusa
10-10-2023 11:31h

O coordenador-geral da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), Matthias Cannes, descreveu hoje a situação em Israel e Faixa de Gaza como horrível, referindo existirem “números massivos de mortos” e muitos palestinianos deslocados e com medo.

Matthias Cannes, cujas declarações foram gravadas pela organização de ajuda médica, explicou que os ataques em Gaza continuam a abalar o território, sublinhando que se conseguia mesmo ouvir o ruído dos bombardeamentos israelitas enquanto falava.

“Os nossos colegas palestinianos trabalham dia e noite para fazer face ao afluxo de feridos”, afirmou, adiantando que muito do pessoal médico local está a trabalhar sob dupla pressão.

Além do número crescente de vítimas para cuidar, “muitos dos nossos colegas palestinianos abandonaram as suas casas com medo de que sejam atingidas. Alguns deles relataram a destruição total dos locais onde moravam”, contou o coordenador-geral da MSF.

A falta de segurança dos profissionais de saúde, dos hospitais e até de ambulâncias na região é, como sublinha a MSF em comunicado hoje divulgado, “um dos maiores desafios que a equipa médica enfrenta atualmente” em Gaza.

“As ambulâncias não podem ser usadas agora, porque estão a ser atingidas por ataques aéreos”, explicou o coordenador médico da MSF em Gaza, Darwin Diaz.

Pedindo a todos os lados do conflito que “respeitem a inviolabilidade das instalações, profissionais e veículos de saúde”, a organização internacional lembra que está a preparar, desde domingo – no dia seguinte ao início dos ataques – “doações de medicamentos e consumíveis” para hospitais e outros centros de saúde em Gaza.

“As instalações de saúde precisam destes equipamentos, devido ao elevado número de feridos”, defendeu o vice-coordenador da MSF em Gaza, Ayman Al-Djaroucha.

“Os hospitais estão sobrelotados com feridos, há uma escassez de medicamentos e de consumíveis, assim como falta combustível para os geradores”, descreveu.

Descrição reforçada pelo testemunho de Matthias Cannes que contou ter tratado, só na segunda-feira, mais de 50 pessoas no hospital de Al-Awda, o maior da Faixa de Gaza.

“Após o atentado bombista de hoje [de segunda-feira] no campo de refugiados de Al-Jabalia, a nossa equipa tratou mais de 50 pessoas no hospital de Al-Awda”, disse.

De acordo com a MSF, as equipas com profissionais locais da organização estão a realizar, desde sábado, cirurgias e cuidados ambulatórios no hospital de Al-Awda, na região norte do enclave, tendo sido aumentado o número de camas disponíveis “para dar resposta ao grande número de vítimas.

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação denominada “Espadas de Ferro”.

Israel declarou guerra total e prometeu castigar o Hamas como nunca antes, e a mobilização de 300 mil reservas israelitas aumentou a perspetiva de uma invasão terrestre ou mesmo de uma reocupação de Gaza. O exército israelita afirma que já matou centenas de militantes e bombardeou numerosos alvos do Hamas.

O mais recente balanço do Ministério da Saúde palestiniano registava pelo menos 560 mortos devido aos ataques aéreos israelitas em Gaza - incluindo dezenas de menores e mulheres - o que elevava para mais de 1.250 o total de mortes nos dois lados na sequência dos confrontos armados iniciados no sábado.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está “em guerra” com o Hamas.

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