O Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) de Cabo Verde manifestou hoje a necessidade de ter uma "legislação específica" da biossegurança, da proteção e de financiamentos para formações contínuas a profissionais de saúde no país.
"Não temos uma legislação específica da biossegurança e da bioproteção. Também temos a questão da formação contínua dos profissionais de saúde, tendo em conta que somos insulares, então ter num local todos os profissionais tem o seu custo, temos que procurar financiamento para realização de formações", afirmou Leidisa Tavares, técnica de laboratórios de virologia e ponto focal da biossegurança do INSP, na Praia.
A responsável falava à margem da conferência “Por uma cultura de segurança: desafios da biossegurança e da bioproteção”, que tem como objetivo contribuir para a implementação das melhores práticas nas duas áreas e promover o desenvolvimento de uma cultura de segurança a nível nacional.
"Também existem outros profissionais, principalmente os de apoio operacional ou auxiliares do laboratório e não só das estruturas de saúde, que devem ser contemplados com formação para antes de iniciar o seu trabalho como auxiliares de laboratório ou de estruturas de saúde", acrescentou.
Leidisa Tavares salientou que os profissionais de saúde têm um "alto risco" de contaminação, portanto, a conferência servirá também como uma chamada de atenção para a proteção destes especialistas, do meio ambiente, da comunidade e dos animais.
"A nível de Cabo Verde ainda estamos no início para implementação da biossegurança, e bioproteção, mas têm-se feito várias atividades para preencher as lacunas constatadas durante a avaliação externa conjunta feita em 2019, que deixou recomendações para a melhoria no sistema da implementação da biossegurança e da bioproteção", avançou.
"Já foram feitas formações a nível nacional, hoje temos 40 profissionais técnicos de laboratórios, com formação na área da biossegurança e da bioproteção e também temos 21 técnicos de laboratórios formados em transporte de amostras e substâncias infecciosas", acrescentou.
A mesma fonte disse que há uma sensibilidade nas mudanças e implementações da legislação necessária e assegurou que continuarão a trabalhar para conseguir atingir esse objetivo.
"Estamos neste processo há cinco anos e neste momento estamos a dar passos para lá chegar. Fazer a mudança de cultura de segurança não se faz da noite para o dia. Demanda tempo, dedicação, compromisso dos profissionais de saúde, das instituições e do Governo. Então é uma responsabilidade de todos", ressaltou.
A ponto focal da biossegurança do INSP referiu que a pandemia de covid-19 foi "um bom exemplo" da situação que aconteceu, pelo facto de ainda não terem a cultura de segurança adequada, onde a biossegurança passou a ser feita na altura na comunidade, com adoção de medidas de mitigação, utilização de máscaras, de luvas ou outros equipamentos de proteção individual.
"Há exigência de ter uma formação prévia para o uso adequado desses equipamentos. Então, este já é um desafio que temos de trabalhar e existe a oportunidade. Acho que a pandemia trouxe muitos desafios e também trouxe muita aprendizagem, que só devemos continuar a trabalhar para melhorar o sistema de implementação da biossegurança e da bioproteção em Cabo Verde", concluiu.
A conferência contou com a participação de palestrantes nacionais e internacionais via zoom e teve como público-alvo pesquisadores, técnicos de laboratório, profissionais dos laboratórios de veterinária, ambiente, entre outros.