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Covid-19: Dois trabalhadores chineses em quarentena voluntária na ilha de São Vicente

LUSA
18-02-2020 10:23h

Dois trabalhadores chineses na ilha cabo-verdiana de São Vicente estão há 12 dias a cumprir uma quarentena voluntária para despistar qualquer presença do coronavírus, disse à Lusa o delegado de Saúde local, Elísio Silva.

A legislação cabo-verdiana não prevê quarentenas compulsivas, pelo que estes dois trabalhadores, que chegaram este mês da China para um trabalho pontual no Mindelo, a segunda maior cidade de Cabo Verde, foram acompanhados pela delegacia de saúde e aceitaram um período de quarentena voluntária.

De acordo com Elísio Silva, estão num apartamento do Mindelo, com acompanhamento diário da delegacia de saúde, e o período de quarentena termina na quinta-feira, 20 de fevereiro.

“Agora se estão a trabalhar, não depende da delegacia. Estamos fazendo a nossa parte, a quarentena é voluntária”, disse ainda.

Os dois trabalhadores chineses já tinham cumprido um período de quarentena na China.

Cabo Verde recebeu este mês, pelo menos, 28 viajantes da China, incluindo estudantes cabo-verdianos e cabo-verdianos residentes na China, mas também chineses.

"Todas as pessoas que regressarem da China são acompanhados, quer presencial, quer telefonicamente, diariamente pelos delegados de Saúde e pelas unidades sanitárias em cada concelho", referiu, em 05 de fevereiro, o Diretor Nacional da Saúde de Cabo Verde, Artur Correia, garantindo que todas as estruturas de saúde do país estão minimamente preparadas para o acompanhamento rigoroso de todos os casos.

Acrescentou que, após a constatação a nível internacional da gravidade da situação da epidemia do novo coronavírus na China, Cabo Verde também entrou em "modo emergencial", e todos os serviços públicos de saúde foram alertados.

Também foi acionada uma equipa técnica de intervenção rápida, e uma série de medidas começaram a ser tomadas, no sentido de uma preparação, de acordo com as normas técnicas da Organização Mundial de Saúde (OMS), concretizou o médico.

"Neste momento, todas as estruturas sanitárias do país já dispõem de normas técnicas, tanto em aspetos organizacionais e funcionais, para consolidar essa fase de preparação, para uma eventual epidemia", prosseguiu.

O mesmo responsável adiantou que o país reforçou os níveis de vigilância nos pontos de entrada, com especial destaque para os aeroportos internacionais, onde as pessoas provenientes da China recebem uma triagem para descartar casos suspeitos e sintomáticos, medidas protetoras, informação e aconselhamento a nível domiciliar.

Relativamente ao isolamento das pessoas provenientes da China, Artur Correia reforçou que a Constituição não permite internamentos compulsivos e nem a OMS está a recomendar quarentena aos países, embora alguns já estejam a fazê-lo.

Na China estudam cerca de 350 cabo-verdianos, 15 dos quais estão em quarentena em Wuhan, principal foco do surto.

O número de mortos devido ao novo coronavírus (Covid-19) na China continental subiu hoje para 1.868, ao mesmo tempo que foram registados 1.886 novos casos de infeção, num total de 72.436 infetados.

Além das vítimas mortais no continente chinês, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.

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