O embaixador da China em Angola, Gong Tao, admitiu hoje que o novo coronavírus (Covid-19) terá efeitos negativos sobre a economia, mas limitados e provisórios, mostrando-se otimista quanto às relações económicas com o país africano.
Gong Tao, que falava hoje em Luanda numa conferência de imprensa, declarou-se otimista quanto às relações económicas com Angola, realçando que os dois países são “parceiros estratégicos” e embora admita que a epidemia pode ter “efeitos negativos para os intercâmbios normais” não “terá influência na amizade profunda existente entre os dois povos”.
O diplomata considerou ainda que a influência do coronavírus, rebatizado com o nome de Convid-19, sobre a economia “é limitada, parcial e provisória” e mostrou-se confiante que a China conseguirá atingir os objetivos de desenvolvimento económico e social que estabeleceu para este ano.
Para prevenir a entrada do vírus, a embaixada da China tem estado em contacto com as autoridades sanitárias angolanas e a colaborar com o reforço das medidas sanitárias, referiu Gong Tao.
Realçou ainda que o fluxo de passageiros chineses para Angola têm estado a diminuir e a equipa médica chinesa “tem estado a acompanhar a situação de saúde dos passageiros” que estão em quarentena.
Cerca de 70 cidadãos chineses estão atualmente de quarentena em Angola, anunciou hoje o inspetor-geral de Saúde angolano, Miguel de Oliveira.
“Há algumas dezenas de cidadãos chineses que estão em quarentena”, o que resulta de “uma medida tomada pelo Governo angolano", que as autoridades chinesas "respeitam”, disse o diplomata.
A consequência imediata é a vinda de menos cidadãos chineses, acrescentou, explicando que também a embaixada tinha aconselhado os seus cidadãos a adiarem as viagens e a fazerem um auto-isolamento voluntário, antes de Angola decretar a quarentena hospitalar por um período mínimo de 14 dias para todos os cidadãos provenientes da China
Na quinta-feira, o presidente da Câmara do Comércio Angola/China, Arnaldo Calado, declarou ao jornal angolano “O País” que a maioria dos operadores comerciais de origem chinesa estabelecidos neste mercado está "retida" no país de origem onde se tinha deslocado para comemorar o Natal e o Ano Novo chinês.
A situação estará a afetar “profundamente” os negócios entre Angola e o seu maior parceiro comercial.
A Câmara, segundo Arnaldo Calado, está a advertir todo os que pretendem regressar que terão de observar um período de quarentena.
“Até agora, Angola e o continente africano têm zero infeções, isto demonstra os sacríficos que o povo chinês tem estado a fazer para prevenir que o vírus se espalhe para o exterior”, sublinhou.
O embaixador diz que “a China tem assumido uma atitude responsável”, deixando de organizar viagens turísticas internacionais e solicitou aos cidadãos que não podem adiar as suas viagens a Angola por motivos de negócios que façam a quarentena voluntária ou nos hospitais.
Gong Tao disse que vão continuar a reforçar a cooperação com Angola e afirmou que as universidades e a comunidade chinesa em Angola têm estado a apoiar os estudantes angolanos que vivem na China, com contributos financeiros para comprar máscaras e alimentos.
"Até agora, de acordo com as minhas informações, a comunidade angolana na China está bem e não tem nenhum caso de infeção”, destacou.
Pelo menos 114 pessoas, nomeadamente 42 angolanos, 70 chineses, um brasileiro e um marfinense, provenientes da China, estão em quarentena em dois centros de Luanda para controlo médico sobre possível contaminação pelo Covid-19.
"Todos os viajantes em quarentena são assintomáticos, são viajantes que não vêm do centro epidémico da China, mas em diversas províncias da China e estão em quarentena de acordo com as normas vigentes", explicou Miguel de Oliveira.
O inspetor-geral de Saúde angolano adiantou também que, nas últimas 24 horas, o país rastreou, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, 819 cidadãos nacionais e 630 estrangeiros.
“Até agora não tivemos nenhum caso positivo", frisou Miguel de Oliveira, acrescentando que Angola já registou dois casos suspeitos de Covid-19 que "laboratorialmente foram negativos".
A epidemia provocada pelo coronavírus (Covid-19) detetado em Wuhan causou já 1.380 mortos, tendo a China reportado hoje 121 mortes, nas últimas 24 horas.
Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o número de infetados cresceu 5.090, para 63.581.
O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Para além da China continental, Hong Kong, Japão e as Filipinas reportaram um morto cada um e, embora 30 países tenham diagnosticado casos de pneumonia por Covid-19, a China responde por cerca de 99% dos infetados.