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Covid-19: Indústria de eventos 'infetada', empresário português diz que “situação é dramática”

LUSA
14-02-2020 09:58h

Mal regressara de férias no início deste ano, Bruno Simões foi ‘atropelado’ pelas más notícias: as suas empresas de eventos de Macau estavam ‘infetadas’ pela paralisação da indústria turística e perdera todos os contratos até abril.

Com o fecho dos casinos na capital mundial do jogo, com a paralisação da economia e com o mercado chinês turístico ‘contaminado’ pelo coronavírus Covid-19, “a situação é dramática”, desabafou. “Até no Vietname cancelaram coisas para abril”, disse à agência Lusa.

À semelhança do Governo de Macau, que enviou alunos e funcionários públicos para casa, que trabalham à distância, Bruno Simões foi obrigado a tomar medidas excecionais na DOC DMC e na SmallWORLD Experience.

“Teve de se mandar as pessoas já para casa até abril e negociámos um mês de licença sem vencimento com os funcionários, com a esperança ainda de que a partir de março as coisas animem”, explicou.

Com escritório também na vizinha cidade chinesa de Zhuhai, numa província que tem sido uma das mais afetadas pelo surto em número de infetados, o negócio vive muito das multinacionais que trabalham na Ásia. Por ano organizavam cerca de duas centenas de eventos. Agora, sem trabalhos, sem conferências, sem eventos e com encargos mensais fixos na ordem das 300 mil patacas (quase 35 mil euros), a esperança é que em abril ou maio “as empresas, que têm os seus calendários e têm de os executar” consigam devolver algum oxigénio à indústria.

Até lá, precisamente para acudir a pequenas e médias empresas como aquelas geridas pelo português, o Governo de Macau anunciou na quinta-feira benefícios fiscais e empréstimos bonificados, bem como apoios financeiros e sociais para a população no valor de 20 mil milhões de patacas (2,3 mil milhões de euros).

À Lusa, o deputado Sulu Sou sublinhou defender há muito que “devido ao monopólio da indústria do jogo, o Governo tem a responsabilidade de apoiar as pequenas e médias empresas, sobretudo por causa da epidemia”, flexibilizando, por exemplo, as condições dos empréstimos sem juros, nomeadamente ao nível dos limites superiores dos montantes a conceder.

Por outro lado, sugeriu a criação de um fundo antiepidémico de mais de dez mil milhões de yuans (1,3 mil milhões de euros) para subsidiar diretamente os arrendamentos e os salários das PME durante o período que durar o impacto económico, financeiro e social devido ao surto.

Como uma ‘bola de neve’, o encerramento dos casinos e de hotéis (27), a suspensão das ligações marítimas, as restrições nas fronteiras, o cancelamento de voos e os receios associados ao risco de contágio minaram profundamente a economia e praticamente colocaram de quarentena multinacionais e negócios locais.

“O setor dos eventos das empresas é muito rápido na reação”, para o bem e para o mal, salientou Bruno Simões. “As empresas não enviam os seus empregados para os eventos e os convidados também não vêm”, sublinhou, para concluir: “O medo é o pior que há”.

A retoma “vai acontecer, mas a que ritmo é que não se sabe”, afirmou, mostrando-se apreensivo com algumas notícias mais recentes do setor.

Enquanto isso, e mesmo fora da Ásia, foi cancelado o Mobile World Congress (MWC), a maior feira de telecomunicações móveis, cujo início estava previsto para dia 24, em Barcelona, precisamente perante as sucessivas desistências dos participantes face ao receio associado ao coronavírus.

E em Macau, por exemplo, a realização do Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), o maior evento de jogo do continente asiático, que junta operadores, jogadores e empresários ligados ao setor, previsto para maio, está depende da evolução do surto.

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